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terça-feira, 3 de julho de 2018

Apartheid Social !

          O elemento mais importante para tornar a proposta  de aula de um professor do ensino básico algo real e palpável é a tecnologia. Precisa-se ter em mãos no mínimo um computador, um Datashow, uma tela plana, caixas de sons, um acesso à internet, um acervo de filmes de todos os tipos e uma boa biblioteca. Desafio este, que se faz presente na rede pública de ensino, que carece de investimentos tecnológicos e físicos, impossibilitando o professor de tornar a sua aula mais dinâmica e criativa.
         A geração que constitui o Ensino Médio do século XXI é uma geração conectada com a tecnologia, a sua forma de ver o mundo e apreendê-lo passa pelo uso da tecnologia. Com raras exceções querem ler um livro, são visuais, imediatistas, superficiais, rápidos, certeiros, com baixo grau de reflexão e aprofundamento sobre os temas relacionados às questões humanas e sociais. Para eles, o mundo que existe a sua frente sempre foi assim, “é possível achar tudo que quer em uma prateleira de supermercado, pronto para ser selecionado e consumido”.
         Conseguir demonstrar e fazer que a geração do século XXI compreenda, que a vida é uma construção, fruto de uma contínua evolução Darwinista, torna-se uma vitória do professor. Pois o futuro que se apresenta é o futuro desta nova geração, que tem que saber olhar para o passado e se posicionar para o futuro. Dois livros que recomento a leitura, por terem uma linguagem fácil e acessível são: Sapiens: Uma Breve História da Humanidade e Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã, de Yuval Noah Harari.
         O futuro, que vem sendo desenhando para as novas gerações que existem e irão surgir, apresentará dois enormes desafios, a sobrevivência e continuidade da espécie. As classes sociais com menor recurso financeiro sofrerão não apenas a opressão econômica, mas também a opressão social, pois estará à margem da sociedade de consumo, sem acesso a tecnologia necessária para estar inserido no mundo tecnológico. Esta realidade se faz presente na rede pública de ensino que atende a classe social de menor poder aquisitivo da sociedade. Como sobreviver a esta nova forma de “Apartheid” social? Esta é a questão a ser respondida, pelos intelectuais, formadores de opinião, pessoas mais esclarecidas e comprometidas com as questões sociais. O professor do presente deve ensinar às novas gerações do século XXI a se defenderem desta nova forma de agressão a humanidade, motivada e mobilizada pela necessidade de ganho de eficiência e geração de lucro pelo modelo econômico vigente.
         Uma economia socialmente responsável, equilibrada e justa terá que dar respostas para questões como o desemprego estrutural, a injusta distribuição de renda, o real sentido da educação, o real destino do dinheiro público, usado para financiar o sistema financeiro em detrimento de políticas sociais.


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