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terça-feira, 26 de maio de 2015

Compreensão de um Texto !


           
 

             Segundo Heidegger, “a compreensão é uma estrutura ontológica fundamental do ser humano. Isto significa que sempre estamos compreendendo, de uma forma ou de outra.”
            Ao lermos um texto não há como fugirmos da prática da interpretação, sempre nós estamos fazendo uma projeção, buscando uma compreensão das possibilidades futuras do ser humano, para darmos sentido à vida.
            Para Gadamer, “compreender um texto do passado culmina numa auto compreensão com referência a futuras possibilidades do ser.”
            Sempre compreendemos de alguma forma, o ato de compreensão começa com as estruturas prévias da compreensão e interpreta estas últimas como alguma coisa. O intérprete não tem como escapar do círculo hermenêutico e obter um conhecimento direto.
            Segundo Gadamer, “o caráter arremessado da compreensão significa que a tradição herdada forma o ponto de partida inicial para todos os atos de compreensão.”
            Não compreendemos um texto a partir do nada, partimos de um conteúdo prévio, e este conteúdo faz parte de nossa tradição cultural, é com este viés que olhamos o mundo a nossa volta.
            Gadamer afirma que segundo Heidegger, “a possibilidade produtiva do círculo hermenêutico ocorre quando percebemos que nossa tarefa constante não é deixar que a posição, visão e concepção prévias sejam apresentadas a nós por ideias ao acaso e concepções populares, e sim garantir o tema científico ao desenvolvê-las nos termos das coisas em si.”
            Gadamer tenta demonstrar que na hermenêutica filosófica é possível obter a compreensão correta fundamentando as estruturas prévias da compreensão nas coisas em si.
            Para Gadamer a compreensão de um texto parte de preconceitos, que segundo Heidegger são as coletivas estruturas prévias da compreensão, estas estruturas fazem parte da estrutura cultural localizada no tempo e no espaço do intérprete que realiza a hermenêutica filosófica.
 
 
 
 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O Objetivo da Hermenêutica !

 
Segundo Gadamer, “o objetivo da hermenêutica é compreender a verdade que o texto contém. A tarefa da hermenêutica é integrar essa verdade em nossa vida. A compreensão significa chegar a um acordo em relação a algum assunto.”
         É um processo de aquisição do conhecimento, que cobra um empenho por parte do leitor, que deve utilizar de sua força intelectual para compreender o texto que se lê. Muitas das vezes não é fácil, demanda tempo e paciência, mas ao fim do processo o leitor é recompensado com a aquisição de um novo ponto de vista.
         Segundo Schleiermacher, “a tarefa central do intérprete é recriar o processo criativo do autor para compreender o significado intencionado pelo autor. A tarefa da hermenêutica muda para a reconstrução.”
         Schleiermacher quer não só compreender as palavras exatas e seu significado objetivo, mas também a individualidade do orador ou autor. É uma mudança radical na tarefa da compreensão.
         Para Gadamer, “esta ênfase na interpretação psicológica implica que o assunto é ignorado na compreensão de um texto, substituído por uma reconstrução estética da individualidade do autor. A interpretação divinatória do ato criativo pressupõe a congenialidade, a saber, que toda individualidade é uma manifestação da vida universal.” Gadamer afirma “que é apenas essa pressuposição que dá ao intérprete acesso ao pensamento do autor.”
         Gadamer “considera que este ato divinatório de recriação é impossível.”
         Schleiermacher afirma que “o intérprete pode compreender um autor melhor do que o autor se compreende porque, na reconstrução do pensamento do autor, o intérprete terá consciências de influências que o autor não tinha.”
         Entre Gadamer e Schleiermacher existe um ponto de divergência na forma de se fazer a hermenêutica de um texto. Até que ponto Schleiermacher tem razão é uma interrogação, pois compreender a verdade que um texto contém se faz pela compreensão das palavras exatas e seu significado objetivo, o que já é uma grande tarefa. Recriar o processo criativo do autor para compreender o significado intencionado pelo autor é uma tarefa que pode dispersar o intérprete, e leva-lo a conclusões infundadas. Existe um ponto de equilíbrio a ser desvendado, que permita a realização destes dois movimentos na filosofia.

 

sábado, 16 de maio de 2015

O Mundo da Vida na Hermenêutica da História Efetiva !

 
Segundo Gadamer, “a harmonia de todos os detalhes com o todo é o critério da compreensão correta.”
O leitor ao interpretar um texto, move-se de um significado projetado do todo para as partes, e então volta para o todo. É a forma como se move a hermenêutica na história efetiva.
 
 
Segundo Gadamer, “este processo de compreensão é a interação entre o movimento da tradição e o movimento do intérprete.”
Um exemplo são as formas como a República de Platão é interpretada, entre o movimento da tradição e o movimento do intérprete, e com base na leitura do texto original, efetua-se um exame dessa leitura à luz de outras interpretações de Platão, que estabelecem uma unidade de significado para o texto.
Segundo Gadamer, “a tradição enquanto linguagem herdada, oferece a antecipação do significado, enquanto o intérprete, através de seu juízo crítico, continua a formar a tradição.”
Ou seja, a hermenêutica na história efetiva ocorre ao longo da formação da tradição, pelo processo de compreensão do intérprete, constroem-se formas textuais que se deslocam de forma harmônica do todo para as partes, e então volta para o todo. Assim forma-se a epistemologia da verdade e método, que explica como justificamos nossos preconceitos no evento da compreensão filosófica.
A percepção do mundo da vida é a experiência realmente vivida, tema universal da meditação filosófica. Os fenômenos do mundo da vida são dados essenciais. Sua justificação possível é a partir da descrição da intencionalidade da consciência. Que ocorre na hermenêutica da história efetiva ao longo da formação da tradição, pelo processo de compreensão do intérprete, o que explica como justificamos nossos preconceitos no evento da compreensão filosófica.
 
 

sábado, 9 de maio de 2015

A Revolução Francesa ou Revolução na Fé !

 
         Até onde o Estado tem competência para falar sobre a fé de uma nação?
         Na história temos um exemplo desse tipo de acontecimento, o tempo passou e confirmou o equívoco de uma nação, um momento obscuro na história de um povo.
         Por mais incompreensível que pareça, a origem fundante de uma religião está na crença da existência de um Deus, e esta religião pertence a este Deus.
         A questão é saber, quem foi perseguido na Revolução Francesa? Por que?

“A vida vai ficando cada vez
 mais dura perto do topo.”
(Friedrich Nietzche)

         Por uma luta pelo poder, pela transformação de uma sociedade, pessoas foram perseguidas, mortas, a fé sofreu um profundo golpe, o mundo desabou, mas nada que o tempo não pudesse vir a corrigir.
         A Revolução Francesa teve seus ideais divulgados, seus princípios divulgados, mas a fé Cristã Católica embora perseguida, sobreviveu, está de pé e demonstrou que e as portas do inferno não prevaleceram.

“Nesse grande futuro, não podemos
esquecer do nosso passado.”
(Bob Marley)

         Uma vida sem limites é uma vida sem futuro, pois não há parâmetros para onde ir. Até onde o Homem pode ir? É capaz de chegar ao se colocar no centro de sua própria vida? Como se fosse capaz de bastar-se a si mesmo, sem depender de nada mais.
         Talvez esta seja a soberba presente na história existencial do Homem, muito presente no Homem contemporâneo, o Homem técnico-científico, capaz de tudo resolver pelo uso da razão empírica, movida pela ciência e suas descobertas.

“O conhecimento chega, mas
 a sabedoria demora.”
(Alfred Tennyson)

         Devemos questionar, até que ponto a humanidade está sendo sábia no caminhar de sua trajetória existencial.
         O Estado não substitui a fé, a razão não substitui a fé e nem a ciência é uma religião, mas uma construção da razão humana. Se a fé em uma religião é algo a parte na existência humana, onde fica Deus?
         No centro só cabe uma pessoa, e este lugar pertence ao homem ou pertence a Deus? Esta talvez seja a pergunta, que gere uma resposta capaz de mudar o comportamento existencial do Homem em torno da vida.

“O Homem que basta a si mesmo,
é um Homem perdido em si.”
(Keller Reis Figueiredo)