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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Filosofar é aprender a morrer !




            Segundo Cícero, “filosofar não é outra coisa senão preparar-se para a morte.” Pois o estudo e a contemplação retiram nossa alma de nós e a ocupam separada do corpo, o que é um aprendizado e semelhança com a morte, pois toda sabedoria e razão do mundo ensinam a não ter medo de morrer. A razão escarnece de nós seu trabalho é fazer-nos viver bem. Podemos viver a volúpia ou a virtude nesta vida. Segundo Montaigne:
A morte é o fim de nossa caminhada, é o objeto necessário de nossa mira; se nos apavora, como é possível dar um passo à frente sem ser tomado pela ansiedade?” (MONTAIGNE, p. 46)

A saída é não pensar nela. Quando a pessoa morre devemos dizer, ele parou de viver, ou ele viveu, em vez de ele morreu. É preciso preparar-se para a morte mais cedo. Para Montaigne, “meditar previamente sobre a morte é meditar previamente sobre a liberdade.” Não há mal na vida para aquele que compreendeu que a privação da vida não é um mal. Ao saber morrer liberta-se de toda sujeição e imposição. Aprender a morrer e desaprender a subjugar-se. A pensarmos na morte, e que estamos a cada dia da vida caminhando para a morte, para Montaigne acabar o que tem a fazer antes de morrer, todo o tempo vago parece curto, ainda que seja trabalho de uma hora. Devemos estar sempre prontos para partir. Assim Montaigne formula a seguinte pergunta: “Por que bravamente visar tantos objetivos quando a vida é tão curta?” Pois todos estão imersos em muitos trabalhos, objetivos, planos, assim se queixam quando vem à morte, uma interrupção dos projetos de vida. Feliz Montaigne, que se acha pronto para morrer. Pode ir quando Deus aprouver sem se lamentar de coisa alguma. Montaigne faz a seguinte afirmação:
“Desligo-me de tudo: minhas despedidas de cada um estão quase feitas, exceto de mim. Nunca um homem se preparou para deixar o mundo mais pura e plenamente, e desapegou-se mais completamente do que eu tento fazer.” (MONTAIGNE, p. 51)

Ao comentar sobre as diversas mortes, para Montaigne, quem ensinasse os homens a morrer os ensinaria a viver. Assim fica uma questão para Montaigne:
“Em nossa religião (Cristã) não teve fundamento humano mais seguro que o desprezo pela vida. Não só o argumento da razão nos convida a isso, pois por que temeríamos perder uma coisa que, perdida, não pode ser lamentada?” (MONTAIGNE, p. 54)

O nosso nascimento nos trouxe o nascimento de todas as coisas, como a nossa morte trará a morte de todas as coisas. A morte é a origem de outra vida. Viver uma vida longa e viver uma vida curta tornam-se iguais pela morte, pois não há curto e longo nas coisas que não existem mais. Para Montaigne:
“A mesma passagem que fizestes da morte à vida, sem paixão e sem temor, refazei-a da vida à morte. Vossa morte é uma das peças da ordem do universo, é uma peça da vida do mundo.” (MONTAIGNE, p. 55)

A morte faz parte de nós, a existência que temos está dividida entre a morte e a vida, ao nascermos somos encaminhados para morrer como para viver. A contínua obra de nossa vida é construir a morte. A vida não é em si nem bem nem mal: nela o bem e o mal têm o lugar que lhes dais. A morte não nos diz respeito nem morto nem vivo, vivo, porque existo, estou morto, pois não mais existo. Ninguém morre antes de sua hora. Todos os dias levam à morte: o último a alcança. Assim não há porque temermos a morte, devemos bem viver a cada momento, e preparados para a qualquer momento passarmos pela morte.
Bibliografia:
DE MONTAIGNE, Michel. Os Ensaios – Uma Seleção, Organização de M. A. SCREECH, Tradução e notas de ROSA FREIRE D’AGUIAR, Penguin, Companhia das Letras.


A Transvaloração da Política no Século XXI !




O segundo valor a ser transvalorado é o valor político vigente, que produz líderes que não representam os interesses de seus eleitores. O povo é enganado por uma visão de mundo que não está atrelada a realidade e nem atende as necessidades básicas, como a saúde, educação, segurança e moradia com saneamento básico, precisamos realizar a Transvaloração da Política vigente, ser de esquerda ou, ser de direita só faz sentido se atender os interesses democráticos do eleitor. Quem vota, vota porque tem um sonho e uma necessidade a ser atendida.
Entende-se que: “Transvaloração é rompimento com o homem ideal pela tradição para que se tenha o homem real, este que não segue e sofre as consequências de não aderir aos valores impostos. Transvaloração é o questionamento dos valores transmitidos como absolutos. É fazer uma releitura mais aprofundada, tirar a visão sagrada do ser humano”. (Alessandro Ferreira de Andrade Blanck)
As sociedades democráticas do século XXI estão no limiar da ruptura com o modelo político vigente. Elas querem encontrar o equilíbrio, a sustentabilidade, a longevidade pela política responsável e comprometida com os interesses dos eleitores. É a busca da descoberta do Homem real, que supera os valores impostos através do questionamento e da releitura mais profunda da realidade, onde retira a visão sagrada do ser humano e o coloca em seu lugar no espaço e tempo. O Homem não é o centro da atenção, que tudo quer e pode, existem limites, e o desafio está em aprender a conviver com os limites, na medida em que se coloca a vida de todos como o maior dos valores, ou seja, a democracia representativa.
Segundo Machado (1999), Nietzsche testifica que a sociedade, enquanto poderosos e instituições, é a principal responsável por criar os valores para toda a humanidade, mas sempre julgando se são ou não nocivos a si mesma. (MACHADO, Roberto. Nietzsche e a verdade. p. 63)
A sociedade do século XXI tem que ser uma sociedade que crie novos valores políticos, aqueles que não advêm somente dos poderosos e suas instituições, mas que surjam de forma democrática do seio da sociedade. E avaliar o que é nocivo ou não é nocivo para a humanidade.
Os valores não advêm só de leis ou instituições. Mas de um movimento social democrático que questiona o que fora recebido até então pela imposição do poder político vigente, fazer uma releitura no que fora passado de geração para geração como indubitável, pois isso engendra a revisão do que tem realmente valor, proporciona ao ser humano viver de forma mais autêntica, intensa, espontânea. E o valor político é o segundo valor a ser transvalorado, por representar a base organização da vida humana.
É necessária a revisão da visão de mundo vigente, a política emanada do povo tem que ser capaz de criar uma nova utopia factível, que não privilegie apenas uma pequena elite econômica, mas que esteja comprometida com as necessidades do eleitor. Só assim a classe política especialmente no Brasil será respeitada pelo seu eleitor, por se sentir representado pelo político que teve o seu voto. Existe uma saída para a crise política, ela passa pela mudança de atitude dos próprios políticos, que têm que valorizar o voto do eleitor, ao atender os seus interesses e não os próprios interesses. A politica vigente tem que ser transvalorada.


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A Transvaloração dos Valores no Século XXI !




         O primeiro valor a ser transvalorado é o valor econômico vigente, que produz o estilo de vida do Homem contemporâneo. Para manter o seu padrão de consumo, o Homem contemporâneo mais depreda do que conserva o meio ambiente em que vi. Para construirmos uma visão de mundo que vai além dos limites vigentes, precisamos realizar a Transvaloração do Valor econômico vigente, o capitalismo, e todas as suas formas de expressão.
         Entende-se que: “Transvaloração é rompimento com o homem ideal pela tradição para que se tenha o homem real, este que não segue e sofre as consequências de não aderir aos valores impostos. Transvaloração é o questionamento dos valores transmitidos como absolutos. É fazer uma releitura mais aprofundada, tirar a visão sagrada do ser humano”. (Alessandro Ferreira de Andrade Blanck)
         A sociedade do século XXI está no limiar da ruptura com o modelo econômico vigente, o capitalismo. Ela quer encontrar o equilíbrio, a sustentabilidade, a longevidade para a humanidade. É a busca da descoberta do Homem real, que supera os valores impostos através do questionamento e da releitura mais profunda da realidade, onde retira a visão sagrada do ser humano e o coloca em seu lugar no espaço e tempo. O Homem não é o centro da atenção, que tudo quer e poder, existem limites, e o desafio está em aprender a conviver com os limites, na medida em que se coloca a vida de todos os seres, como o maior dos valores. O atual estilo de vida do Homem propaga a morte.
         Segundo Machado (1999), Nietzsche testifica que a sociedade, enquanto poderosos e instituições, é a principal responsável por criar os valores para toda a humanidade, mas sempre julgando se são ou não nocivos a si mesma. (MACHADO, Roberto. Nietzsche e a verdade. p. 63)
         A sociedade do século XXI tem que ser uma sociedade que crie novos valores, aqueles que não advêm somente dos poderosos e suas instituições, mas que surjam de forma democrática do seio da sociedade. E avaliar o que é nocivo ou não é nocivo para a humanidade.
         Os valores não advêm só de leis ou instituições. Mas de um movimento social que questiona o que fora recebido até então pela imposição do poder econômico vigente, faz uma releitura no que fora passado de geração para geração como indubitável, pois isso engendra a revisão do que tem realmente valor, proporciona ao ser humano viver de forma mais autêntica, intensa, espontânea. E o valor econômico é o primeiro valor a ser transvalorado, por representar a base de subsistência da vida humana.



terça-feira, 8 de agosto de 2017

O Problema do Ensino da Filosofia !


         O desafio maior está em manter uma atitude filosófica ante os problemas colocados pela filosofia do ensino da Filosofia. O homem como animal racional de buscar atender a dois pressupostos da Filosofia: um pressuposto teleológico (como fim a ser alcançado) ou como um pressuposto metodológico (como meio de se filosofar).
         O ser humano tem uma boa vontade natural para o pensar, e desenvolve uma boa natureza do pensamento. O filósofo é aquele que pensa, é guiado pelo exercício de pensar. A busca do verdadeiro.
         Segundo Deleuze:
 “O homem pensa, de que pensar se constitui como exercício natural de uma faculdade e de que, de fato, existe no homem uma boa vontade para o pensamento. Segundo ele, pressupor que o pensar faz parte da natureza humana parece dar ao homem não só a possibilidade de encontrar o verdadeiro, mas também uma afinidade natural com a verdade.”
         O pensar é a busca de soluções para os problemas dados. O professor deve estimular o aluno na prática do pensamento, fazer perceber que muitos dos problemas que vivemos poderiam ser resolvidos se tivesse uma prática filosófica para com o problema. É tão importante que Deleuze completa:
“Fazem-nos acreditar, ao mesmo tempo, que os problemas são dados já prontos e que eles desaparecem nas respostas ou na solução; sob este duplo aspecto, eles seriam, de início, nada mais que fantasmas. Fazem-nos acreditar que a atividade de pensar, e também o verdadeiro e o falso em relação a esta atividade, só começam com a procura de soluções, só concernem às soluções.”
         Os problemas já dados têm uma origem, em um momento do tempo foram pensados e materializados pela ação humana. Um questionamento metodológico e lógico pode minimizar os efeitos dos problemas. A filosofia é devedora de uma atitude comum que normalmente é utilizada para responder às perguntas difíceis de serem respondidas. Para Deleuze:
“Muitas vezes, quando nos é colocada uma pergunta para a qual não se tem resposta, utilizamos o subterfúgio de invalidar a pergunta, considerando que o modo correto de colocá-la deveria ser outro.”
         Os problemas são apresentados em função das respostas, das suas possíveis respostas, prováveis ou esperáveis. Kohan (2003, p.222), comentando Deleuze, observa que:
“A imagem dogmática apenas consegue construir as interrogações que as possíveis respostas permitem suscitar. Sob esta imagem, só se pergunta o que se pode responder. Considera-se que pensar tem a ver com encontrar soluções – já prefiguradas – aos problemas colocados em função de tais soluções e que os problemas desaparecem com suas soluções. Assim, se situa o problema como obstáculo e não como produtor de sentido e de verdade no pensamento.”
         O conflito surge na percepção de que os problemas e as soluções têm a mesma natureza. A diferença entre eles consiste apenas no modo de enunciação: o modo interrogativo (no caso dos problemas) e o modo explicativo ou proposicional (no caso das soluções). Partindo dessa análise, Deleuze afirma que os problemas e as soluções não podem ter a mesma natureza apesar de estarem intrinsecamente ligados. Os problemas não são dados, são inventados e reinventados no movimento de problematização.
         O ensino de filosofia tem que ser capaz de motivar o aluno a aprender. “Aprender é o nome que convém aos atos subjetivos operados face à objetividade do problema” (Deleuze, 1968, p.213-14). Não basta saber, tem que aprender a fazer. O saber pode ser adquirido com a leitura e assimilação das informações. O aprender a fazer é a busca pela unidade da representação, pela universalidade dos conceitos, pelo uso correto da razão, pela boa vontade do pensamento e do pensador, é a prática da filosofia maior. A filosofia menor não combate as relações de força aglutinadoras da repetição do mesmo problema, das mesmas soluções. A filosofia menor é, assim, uma política de resistência aos padrões instituídos do filosofar, do aprender e do ensinar. O ensino da filosofia vinculam-se a esse modo de filosofar.