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sábado, 21 de novembro de 2015

Verdade e Poder !

Michel Foucault é um filósofo que esta em busca da verdade, ele quer conhecer a verdade e um ponto que ele aborda para chegar à verdade é o poder, pois a verdade está intimamente ligada ao poder. E a ciência que Michel Foucault escolhe para ser analisada, suas relações com as estruturas políticas e econômicas da sociedade, é a psiquiatria, por julgar que seja uma questão mais fácil de ser trabalhada, porque o perfil epistemológico da psiquiatria é pouco definido, e porque a prática psiquiátrica está ligada a uma série de instituições, de exigências econômicas imediatas e de urgências políticas de regulamentações sociais.
Foulcault aproveita a abertura política para dar continuidade as suas pesquisas no domínio da penalidade, prisões e disciplinas. Ele analisa o problema da reclusão política da psiquiatria, o esquadrinhamento disciplinar da sociedade.
Foucault é um filósofo que funda a teoria da história na descontinuidade. Certas formas de saber empírico como a biologia, a economia política, a psiquiatria, a medicina etc., o ritmo das transformações não obedecia aos esquemas suaves e continuístas de desenvolvimento que normalmente se admite.
 
Numa ciência como a medicina, por exemplo, até o fim do século XVIII, temos um certo tipo de discurso cujas lentas transformações − 25, 30 anos − romperam não somente com as proposições "verdadeiras" que até então puderam ser formuladas, mas, mais profundamente, com as maneiras de falar e de ver, com todo o conjunto das práticas que serviam de suporte à medicina. Não são simplesmente novas descobertas; é um novo "regime" no discurso e no saber, e isto ocorreu em poucos anos. (FOUCAULT, p. 5)
 
Ou seja, a verdade estava por ser descoberta e construída ao longo do tempo histórico. O importante em tais mudanças não é a sua rapidez e a sua grande amplitude, mas a modificação nas regras de formação dos enunciados que são aceitos como cientificamente verdadeiros. Não é a mudança de conteúdo, nem a alteração na forma teórica que importa, mas o que deve ser avaliado é o que rege os enunciados e a forma como estes se regem entre si para constituir um conjunto de proposições aceitáveis cientificamente e, consequentemente, susceptíveis de serem verificadas ou infirmadas por procedimentos científicos.
 
Em suma, problema de regime, de política do enunciado científico. Neste nível não se trata de saber qual é o poder que age do exterior sobre a ciência, mas que efeitos de poder circulam entre os enunciados científicos; qual é seu regime interior de poder; como e por que em certos momentos ele se modifica de forma global. (FOUCAULT, p. 5)
 
Para Foucault o que se deve ter como referência não é o grande modelo da língua e dos signos, mas a guerra e a batalha. A história da humanidade é belicosa e não linguística, existe uma relação de poder e não uma relação de sentido. A história deve ser analisada em seus menores detalhes, segundo a inteligibilidade das lutas, das estratégias, das táticas.
 
Nem a dialética (como lógica de contradição), nem a semiótica (como estrutura da comunicação) não poderiam dar conta do que é a inteligibilidade intrínseca dos confrontos. (FOUCAULT, p. 6)
 
Segundo Alexandre Fontana, Michel Foucault foi o primeiro a colocar no discurso a questão do poder, em contra partida da analise do conceito do texto, pelo texto com a metodologia que o acompanha, isto é, a semiologia, o estruturalismo etc.
Em termos políticos Foucault fala sobre o poder ampliando a discussão, pois a direita somente colocava os termos de constituição, de soberania, etc., portanto em termos jurídicos; a esquerda o marxismo, em termos de aparelho do Estado. Ninguém se preocupava com a forma como o poder é exercido concretamente e em detalhe, com sua especificidade, suas técnicas e suas táticas.
 
Contentava−se em denunciá−lo no "outro", no adversário, de uma maneira ao mesmo tempo polêmica e global: o poder no socialismo soviético era chamado por seus adversários de totalitarismo; no capitalismo ocidental, era denunciado pelos marxistas como dominação de classe; mas a mecânica do poder nunca era analisada. (FOUCAULT, p. 7)
 
A partir de 1968 foi possível fazer uma análise das relações de poder mais detalhadas, a partir das lutas cotidianas e realizadas na base com aqueles que tinham que se debater nas malhas mais finas da rede do poder.
 
Foi aí que apareceu a concretude do poder e ao mesmo tempo a fecundidade possível destas análises do poder, que tinham como objetivo dar conta destas coisas que até então tinham ficado à margem do campo da análise política. (FOUCAULT, p. 7)
 
Um exemplo é, se olharmos apenas pelo aspecto econômico, o simples internamento psiquiátrico, a normalização mental dos indivíduos, as instituições penais têm uma importância limitada, mas analisarmos o funcionamento geral das engrenagens do poder existentes nesses processos, os procedimentos tornam-se essenciais, de relevante importância para estudar as relações de poder e conhecer a verdade.
Para Foucault, o marxismo e a fenomenologia constituiriam um obstáculo objetivo à formulação das relações de poder.
 
Na medida em que é verdade que as pessoas de minha geração foram alimentadas, quando estudantes, por estas duas formas de análise: uma que remetia ao sujeito constituinte e a outra que remetia ao econômico em última instância; à ideologia e ao jogo das superestruturas e das infraestruturas. (FOUCAULT, p. 7)
 
A metodologia utilizada por Foucault é a abordagem genealógica, que é a forma histórica que dê conta da constituição dos saberes, dos discursos, dos domínios do objeto, etc., sem ter que se referir a um sujeito, seja ele transcendente com relação ao campo de acontecimentos, seja perseguindo sua identidade vazia ao longo da história. É uma análise da trama histórica, busca-se ver como os problemas são resolvidos. Livra-se do sujeito constituído, e chega-se a uma análise da constituição do sujeito na trama histórica.
Para Foucault a fenomenologia marxista apresenta dois obstáculos conceituais: ideologia e repressão. A ideologia apresenta três razões: A primeira, “está sempre em oposição virtual a alguma coisa que seria a verdade.” A segunda, “refere−se necessariamente a alguma coisa como o sujeito.” E terceiro, “está em posição secundária com relação a alguma coisa que deve funcionar para ela como infraestrutura ou determinação econômica, material, etc.” Já a repressão, “quando se define os efeitos do poder pela repressão, tem−se uma concepção puramente jurídica deste mesmo poder; identifica−se o poder a uma lei que diz não.” Ao se falar sobre o poder, há muito mais a dizer, existe um discurso que permeia todo o corpo social.
 
O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que ele não pesa só como uma força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso. Deve−se considerá−lo como uma rede produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais do que uma instância negativa que tem por função reprimir. (FOUCAULT, p. 8)
 
Foucault define o papel do intelectual, aquele que irá denunciar a verdade que se apresenta, irá questionar o modelo vigente.
 
Durante muito tempo o intelectual dito "de esquerda" tomou a palavra e viu reconhecido o seu direito de falar enquanto dono de verdade e de justiça. As pessoas o ouviam, ou ele pretendia se fazer ouvir como representante do universal. Ser intelectual era um pouco ser a consciência de todos. (FOUCAULT, p. 8)
 
Segundo Foucault, há muitos anos que não se pede que o intelectual desempenhe esse tradicional papel. Existe um novo modo, uma ligação entre a teoria e prática. Os intelectuais já não se trabalham no universal, no exemplar, no justo e verdadeiro para todos, mas trabalha em setores determinados, em pontos precisos que se situam, nas condições de trabalho, condições de vida (a moradia, o hospital, o asilo, o laboratório, a universidade, as relações familiares ou sexuais). Com isso ganharam uma consciência muito mais concreta e imediata das lutas. Conhecem problemas específicos, “não universais”, diferentes daqueles do proletariado ou das massas. Assim Foucault define e diferencia o de intelectual “específico” por oposição ao intelectual “universal”.
 
Esta figura nova tem uma outra significação política: permitiu senão soldar, pelo menos rearticular categorias bastante vizinhas, até então separadas. O intelectual era por excelência o escritor: consciência universal, sujeito livre, opunha−se àqueles que eram apenas competências a serviço do Estado ou do Capital (engenheiros, magistrados, professores). Do momento em que a politização se realiza a partir da atividade específica de cada um, o limiar da escritura como marca sacralizante do intelectual desaparece, e então podem se produzir ligações transversais de saber para saber, de um ponto de politização para um outro. Assim, os magistrados e os psiquiatras, os médicos e os assistentes sociais. os trabalhadores de laboratório e os sociólogos podem, em seu próprio lugar e por meio de intercâmbios e de articulações, participar de uma politização global dos intelectuais. Este processo explica por que, o escritor tende a desaparecer como figura de proa, o professor e a universidade aparecem, talvez não como elementos principais, mas como “permutadores”, pontos de cruzamento privilegiados. (FOUCAULT, p. 9)
 
Com o desenvolvimento das estruturas técnico-científicas na sociedade contemporânea, há uma valorização do intelectual específico. A sua atividade encontra obstáculos e se expõe a perigos. Mas existe o risco da manipulação por partidos políticos ou aparelhos sindicais que dirigem as lutas locais, e principalmente a falta de uma estratégia global e apoios externos. Assim o intelectual específico pode não ser seguido, e se for seguido, ser somente por grupos muito limitados. Mas mesmo assim, o papel do intelectual específico torna-se cada vez mais importante, ele é obrigado a assumir reponsabilidades políticas, seja físico atômico, geneticista, informático, farmacologista, etc. A busca será da verdade, que de uma forma ou de outra está relacionada com o poder, a política é o campo de batalha.
 
O importante, creio, é que a verdade não existe fora do poder ou sem poder. A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que funciona como verdadeiro. (FOUCAULT, p. 10)
 
A verdade é uma construção histórica social, esta diretamente ligada ao poder, uma produção dos efeitos de poder, expressa por uma política geral de cada sociedade, através dos discursos daqueles que dizem o que funciona como verdadeiro.
 
Em nossas sociedades, a "economia política" da verdade tem cinco características historicamente importantes: a "verdade" é centrada na forma do discurso científico e nas instituições que o produzem; está submetida a uma constante incitação econômica e política (necessidade de verdade tanto para a produção econômica, quanto para o poder político); é objeto, de várias formas, de uma imensa difusão e de um imenso consumo (circula nos aparelhos de educação ou de informação, cuja extensão no corpo social é relativamente grande, não obstante algumas limitações rigorosas); é produzida e transmitida sob o controle, não exclusivo, mas dominante, de alguns grandes aparelhos políticos ou econômicos (universidade, exército, escritura, meios de comunicação); enfim, é objeto de debate político e de confronto social (as lutas "ideológicas"). (FOUCAULT, p. 11)
 
Existe a forma do discurso científico e as instituições que produzem a verdade, e submete esta verdade aos interesses econômicos e políticos, transmitindo por toda a sociedade, como forma de exercer o poder. Segundo Foucault, a verdade é o “conjunto das regras segundo as quais se distingue o verdadeiro do falso e se atribui ao verdadeiro efeitos específicos de poder”.
O intelectual deve buscar saber se é possível construir uma política da verdade. Para mudar o regime político, econômico, institucional de produção da verdade. Desvincular o poder da verdade das formas de hegemonia (sociais, econômicas, culturais) no interior das quais ela funciona no momento. A questão política não é o erro, a ilusão, a consciência alienada ou a ideologia; é a própria verdade. Com a verdade se constrói o poder.
Imersos no mundo contemporâneo, dominado pela ciência e tecnologia, não há como nos desvencilharmos da verdade construída na forma de discurso, aparelhado pelo poder econômico político vigente. A verdade está na forma como se materializa o poder dominante, que não é uma única verdade, mas a verdade até então construída. Cabe ao intelectual elaborar as questões e questionar a verdade vigente na forma de poder. Não existe um único caminho para a sociedade, mas inúmeras opções, deve-se escolher a opção que torne a sociedade mais justa e feliz.
 
 
 

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O Tamanho do Estado Brasileiro !



A crise atual no Brasil é a crise do Estado brasileiro, ou seja, seu tamanho e sua importância para a sociedade brasileira. Assim devemos pensar a razão da existência do Estado, e para que fim o Estado se materializa. Voltemos à atenção para as ideias:
Os homens não se associam tendo em vista apenas a existência material, mas, antes, a vida feliz. O Estado é a comunidade do bem viver para as famílias e para os agrupamentos de famílias tendo em vista uma vida perfeita que baste a si mesma. (ARISTÓTELES, p. 44) 
Quem pode influenciar a forma de ser de um Estado, ou seja, quem compõe o poder de ação do Estado ?
O consentimento dos homens reunidos em sociedade é o fundamento do poder. Aquele que se estabeleceu unicamente pela força só pode subsistir pela força. (DIDEROT, p. 158) 
O poder do Estado emana do povo, e deve estar a serviço do povo no sistema político em que vivemos, a democracia. E como um líder deve atuar, exercer o seu papel político ?
Um legislador hábil, que pretende servir o interesse comum e o interesse da pátria mais do que o seu próprio e o de seus herdeiros, deve empregar todo o seu engenho para atrair todo o poder para si. (MAQUIAVEL, p. 160) 
Para se resolver uma crise política, deve-se pensar a quais interesses devem servir. Buscar o poder pelo poder, perde-se a finalidade do poder, e se adquire um comportamento esquizofrênico, transtorno mental complexo que dificulta na distinção entre as experiências reais e imaginárias, interfere no pensamento lógico, nas respostas emocionais normais e comportamento esperado em situações sociais. (Site: http://www.minhavida.com.br/)
Os que possuem a ciência política, tenham ou não no exercício de seu poder o consentimento de seus súditos, apoiem-se ou não em leis escritas, sejam ricos ou pobres, devem ser considerados como tendo em uma arte determinada o fundamento de seu poder. (PLATÃO, p. 162) 
Em um Estado democrático de direito, o povo é o detentor do poder, através de seus representantes exerce o poder e tem o direito de destituir o seu líder caso não atenda aos interesses do povo.
A democracia é um Estado em que o povo soberano, guiado por leis que são sua obra, faz por si mesmo tudo o que pode fazer bem e por delegados tudo o que ele próprio não pode fazer. (ROBESPIERRE, p. 46) 
Assim, faz-se necessário a realização de um debate ideológico e político do que deve ser o Estado Brasileiro, pois estamos imersos em um modelo econômico capitalista com uma política neoliberal, sem alguma alternativa aparente, “somos levados para onde o vento está ventando”. Para um país, que possui uma constituição busca uma justiça social, com os inúmeros direitos sociais impostos por pela constituição. O que torna caro, de elevado custo à operação do Estado brasileiro. Até que ponto o povo brasileiro está disposto a pagar por um Estado caro ?
Penso que é sempre necessário colocar em algum lugar um poder social superior a todos os outros, mas acredito que a liberdade corre perigo quando esse poder não encontra diante de si nenhum obstáculo que possa conter sua marcha e dar-lhe tempo de moderar a si mesmo. A onipotência parece-me em si uma coisa ruim e perigosa. (TOCQUEVILLE, p. 162) 
Na busca da preservação das liberdades individuais, deve-se moderar o ímpeto do poder social, pois estamos vivendo a necessidade política e econômica de revisão do exercício do poder pelo Estado, o quanto podemos ter um Estado social em um modelo capitalista de ordem neoliberal. A finalidade da materialização de um Estado é tornar a vida mais feliz. O Brasil está caminhando em direção da felicidade sonhada ?
Referência bibliográfica:
GRATELOUP, Léon-Louis. Dicionário filosófico de citações; tradução: Marina Appenzeller. – São Paulo : Folha de S. Paulo, 2015.

Tamanho do Estado Brasileiro !

As Razões de Ineficiência do Estado !

A Sociedade Brasileira Contemporânea !

Veja os poemas...

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Não há como ser tolerante com o mal !

 
A verdade já existe, não é uma construção humana, o que ocorre na realidade é o processo de captação da verdade pelo intelecto, que produz um juízo verdadeiro ou falso acerca da verdade, a verdade que buscamos aceitar ou não.
A vontade é um apetite racional, e este apetite é somente do bem, é a inclinação daquele que deseja alguma coisa, que está direcionado para o bem.
O bem é aquilo que todas as coisas desejam. O fim é o bem ou o que tenha aparência de bem. (AQUINO, p. 143)
 
Aquele que quer viver para a verdade, tem como fim o bem, ou seja, uma inclinação natural para o bem, por desejar alguma coisa. Assim, para podermos ser pessoas de bem, não podemos ser tolerantes com o mal. Se buscarmos aceitar a verdade, nós iremos atender ao apetite racional do verdadeiro bem, que é só um para a verdade que já existe.
Sendo assim, o mal não é um bem, e esta é uma verdade. O mal só pode ser um bem, a partir de um falso juízo acerca da verdade, através da captação da realidade realizada pelo intelecto. Entender o mal como um bem é falso, e esta é uma verdade.
Portanto, ao tentarmos conhecer o que motiva a existência do Estado Islâmico, devemos buscar perceber o que os seguidores do Islã entendem como bem. Para praticarem tanto mal. Não seria um falso juízo acerca da verdade, do que seria um bem ?
As pessoas de bem não podem ser tolerantes com o mal, devem reagir, e se necessário for, fazer o uso da força e da violência, o que seria uma cruzada contra o mal, que quer invadir o ocidente livre, que busca viver o bem.
O ocorrido na França no dia 13/11/2015 representa um conflito de crenças e valores, os quais devem ser julgados a fim de se conhecer a verdade por detrás do mal. Pois o que está demonstrado, é que o fim que é o bem tem a aparência de bem, mas não é o bem, mas na realidade é o mal; e com o mal, as pessoas de bem não podem ser tolerantes com o mal, têm que estarem alertas e agir. O bem tem que vencer o mal.
Bibliografia:
AQUINO, Tomás. Suma Teológica – Volume 3, Seção I, Parte II, Questões 1-48, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2003.
 
 

domingo, 15 de novembro de 2015

Uma Nova Ética Neoliberal para o Século XXI !


Vivemos um momento histórico desafiador para a vida no planeta terra, faz-se a necessidade do uso de uma inteligência coletiva:
Uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. (LÉVY, p. 26) 
A reunião do clima em Paris no ano de 2015 será um teste para humanidade e para a postura ética de seus líderes. Estamos diante de um grande desafio: Com qual modelo econômico queremos conviver ?
O neoliberalismo para o século XXI ressurge com uma força avassaladora, capaz de movimentar mercados, definir a cotação de moedas, reorientar políticas públicas dos países membros do G20, interferir na geração de trabalho, distribuição de renda, crescimento e desenvolvimento das nações.
Estamos diante da necessidade de uma transformação, segundo Pierre Lévy, uma ecologia humana generalizada.
A amplidão e a complexidade dos problemas com os quais depara a humanidade hoje, bem como as formidáveis mutações que afetam nossas sociedades, exigem uma reformulação das categorias econômicas e políticas forjadas em outro período e para resolver outros problemas. (LÉVY, p. 186) 
Ou seja, a humanidade muda, ou será forçada a mudar, e para tal, implica na construção de uma nova ética para o modelo econômico vigente, que é o capitalismo na forma de neoliberalismo no século XXI.
Devemos buscar uma forma justa de SER, no seu sentido metafísico e subjetivo, a constante e perpétua vontade de conceder o direito a si próprio e aos outros, segundo a igualdade, o respeito que há em cada um de dar a cada um o que é seu.
Assim estaremos tendo uma atitude de ALTERIDADE para com o próximo, um PARADIGMA ÉTICO que pode ser buscado como um ideal a ser vivido no século XXI.
Com a vida prática e utilitarista, as utopias do século XX morreram, mas o homem pode estabelecer o surgimento de uma nova utopia para o século XXI, mesmo que o ideal político econômico, cuja aplicabilidade seja julgada impossível por não corresponder, nem ser adequada à realidade humana.
A humanidade tem a necessidade de sonhar, e o que não fizemos nestes últimos 10.000 anos, que não foi buscar realizar os nossos sonhos ? Muitas utopias tornaram-se realidade, enquanto muitas concepções, consideradas tópicas, não passaram de simples quimeras, monstro com corpo de cabra, cauda de dragão e cabeça de leão; fantasia absurda; ilusão.
A reunião do clima em Paris no ano de 2015 tem que ser a oportunidade para sonhar, a construção de alternativas, o modelar de uma nova sociedade, baseada na alteridade, forjadora de uma ética do equilíbrio e da sustentabilidade, a aceitação de um novo PARADIGMA para o século XXI.
Se o mundo humano subsistiu até hoje, é porque sempre houve um número suficiente de justos. (LÉVY, p. 34) 
Não percamos a oportunidade de tornar a humanidade mais justa no século XXI, é uma necessidade de sobrevivência existencial.

Referência bibliográfica:
LÉVY, Pierre, A inteligência coletiva; tradução: Luiz Paulo Rouanet – São Paulo: Folha de São Paulo, 2015