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domingo, 2 de fevereiro de 2020

A Desmistificação da Onipotência do Ente Mercado !





         Acreditar que o mercado tem o poder de resolver todos os males de um país é uma falácia, embora tenha a capacidade de orientar comportamentos, onde molda a vida social. O mercado é incapaz de tudo fazer e para todos fazer. No máximo satisfaz as necessidades de grupos econômicos que têm os meios para manipular o mercado, haja vista a injustiça social presente no Brasil.
         É a partir dessa limitação do mercado que o Estado tem um papel fundamental. O Estado tem que estar presente onde o mercado se recusa atuar, frente questões econômicas, políticas, sociais e religiosas. Existem fundamentos básicos que produzem um grau mínimo de estabilidade social, como: Educação, saúde, segurança, emprego, habitação, renda e meio ambiente. Dizer que: o Estado não deve interferir para não atrapalhar o desenvolvimento do mercado é uma forma de interferência, a omissão do Estado também é uma forma de interferência, característica de políticas públicas de economias neoliberais.
         O Estado basicamente existe para regular e garantir o bom convívio social e o estado de bem-estar, pode ser atuante ou omisso, mas jamais deixará de existir, por ser a materialização institucional da sociedade. O Estado é o ente que verdadeiramente existe, responsável por orientar comportamentos, e pôr a vida social para andar. O mercado é apenas um espectro, que se materializa através do grau de liberdade econômica que uma sociedade tem. Quando o Estado abre mão de sua função e responsabilidades fundamentais e as repassa para o mercado, a sociedade passa a estar sujeita a um elevado grau de incertezas, frente as flutuações do próprio mercado. Perde-se o horizonte de longo prazo e a incapacidade de se criar um estado de bem-estar para todos. A injustiça social tem a sua origem o mercado, onde livremente garante os maiores benefícios para os grupos mais poderosos, oprimindo os grupos mais fracos, até excluindo a sua presença no mercado. A prova existência desse fenômeno é o elevado índice de brasileiros excluídos do mercado, parcela da população que vive algum tipo de exclusão social, que necessita de políticas públicas do Estado para garantir o mínimo para “subsistir”.
O mercado não está preocupado com a vida da população de um país, pois ele existe apenas para satisfazer as forças dos membros que o constitui, se há uma parcela da população excluída do mercado, é da responsabilidade do Estado a promoção da inclusão social. Quando o Estado se omite e repassa ao mercado esta responsabilidade, a exclusão social permanece, quando não aumenta. Sem a presença de políticas públicas do Estado, a parcela mais fraca da população será marginalizada. Nesse sentido, o mito de que o modelo econômico neoliberal, que defende a ideia de que as forças do mercado podem resolver todos os problemas sociais, não é verdadeiro. O mercado não é onipotente e nem é uma panaceia.
O atual governo do Brasil precisa urgentemente redefinir o seu papel, entender que governa para todos os cidadãos, e não só para a parcela da população que constitui o mercado, tem que ser capaz de ter um olhar social para os excluídos e marginalizados pelo mercado. Só assim estará promovendo a cidadania para todos.

         Fonte para reflexão:  

         Angela Alonso. Mercado paira sobre todos e não dá um pio sobre obscurantismo. Publicado na Folha de São Paulo em 2.fev.2020 às 2h00. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/colunas/angela-alonso/2020/02/mercado-paira-sobre-todos-e-nao-da-um-pio-sobre-obscurantismo.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa%3Floggedpaywall&origin=folha >. Acesso em: 02/02/2020.



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