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terça-feira, 20 de outubro de 2020

A criatividade o fenômeno Psicológico: O que entendemos com a experiência de mundo ?


 Marcos Aurélio Trindade[1]                          

O ser humano está inserido na realidade social para modificar, planejar, incentivar e buscar soluções completas e ao mesmo tempo incompletas a sua existência em busca do saber, enquanto indivíduo racional. Sua necessidade de desvelar a “consciência está relacionada com a sua vivência e experiência, em que vai percebendo os fenômenos ao seu entorno, atrelados ao “ato e a potência” da capacidade do seu cérebro.

A dualidade da “vivência e experiência” são distintas na fenomenologia, por ter significados diferentes, mas possui uma interdependência. Pois a vivência parte do pressuposto, em que trata a “subjetividade humana” na “estrutura psíquica” como caráter do ato de percepção, atrelada a consciência como tendência aos fenômenos. Porém a experiência se fundamenta na experimentação através dos ‘sentidos’, com o qual o indivíduo humano está relacionado com os objetos, através das próprias “tendências das vivências psíquicas”. Como por exemplo: “O mundo está como uma forma de representações, imagens, objetos e nós seres humanos, estamos inseridos nele. Destarte, surge a indagação filosófica, de como podemos relacionar e desvendar o entendimento, pelo que nos é apresentado? Logo, “eu” enquanto ser dotado de razão tenho a capacidade de dizer que, minha consciência tende ao objeto apresentado. Pelos simples fatos de que, a vivência está fomentando no indivíduo humano, o gosto pelo ‘experimento’ das coisas, cuja vivência tende as coisas”. Pois:

A vivência é a situação psicológica, as disposições dos sentimentos que a experiência produz na subjetividade humana. São as emoções e valorações que antecedem, acompanham ou se seguem à experiência dos objetos que se fazem presentes no interior da psique humana. (...) É consequência e resultado da experiência na psique humana. Ela pertence ao fenômeno total da experiência, mas este é mais amplo e profundo do que aquele, a vivência. (BOFF, 2002, p. 43 apud SILVA,2016, p.24)

Segundo o filósofo Aristóteles, ao qual descreve o comentador e historiador italiano, Giovanni Realle, que: “O ato tem absoluta “prioridade” e superioridade sobre a potência: de fato não podemos conhecer a potência como tal, senão reportando-a ao ato do qual é potência. Ademais o ato é condição, regra e fim da potencialidade. Enfim, o ato é superior à potência, porque é o modo de ser das substâncias”. (Reale, 1992, p.55). Esta relação de ato e potência, de primeira instância é que, o ato é superior à potência, pois sendo ele causa inicial e final da potência, rege uma feição da ordenação dos elementos naturais do universo. Por esse mesmo sentido de “vivência e experiência”, “ato e potência”. Prosseguimos nesse artigo, como tentativa em explicar a fundamentação do surgimento das bases e as funções dos seres vivos inseridos na natureza, e, em seu processo da dinamização, com a “criatividade”, que vai se tonando “fenômeno" ativo, nas relações “biopsicossociais”.

Através desses pressupostos filosóficos, é possível explicar a criatividade na fenomenologia, e em quais patamares sociais ela pode ser despertada. Nesse caso, ela contribui com todo rigor nas teorias socioeducativas, referente ao “professor e aluno”, como capacidade de ato e potencialidade numa esfera fenomenológica.

Pressupomos cientificamente que, toda a capacidade do indivíduo humano, esteja sujeita a esta asserção filosófica e psicológica supracitadamente. Nesta perspectiva, entendemos que o cérebro parte superior e fundamental do corpo humano, é capaz de despertar várias dinâmicas de “ato e potência” criativas na relação “professor e aluno”, que conduz o sujeito humano, a luz deste fenômeno que é a “criatividade”. Pois é nessa perspectiva, que:

O ser criativo expressa seu potencial no mundo em que vive, manifesta o que lhe torna singular, na rede de relacionamentos que possui, o que em outras palavras quer dizer que o ser humano manifesta sua criatividade a partir da sua singularidade e na pluralidade do existir humano. (Sakamato, 2004, p.29).

Nos dias atuais e nas histórias passadas, toda criação humana está relacionada às fontes das suas vontades e a potência genial dela própria, na busca do clareamento salvífico, daquilo que subjetivamente se encontra obscuro no intelécto. É uma necessidade da criatividade, dominar o intelecto, parte de integração do próprio humano, para vislumbrar o belo no “cosmo”.

Estes fenômenos da criatividade ocorrem no gosto pela leitura de mundo e a interpretação do mundo. Sendo assim, o movimento, exercício fundamental da capacidade do cérebro, vai se gesticulando para o processo investigativo, começando a refletir seguintes problemáticas: “De onde vim, como surge as coisas? Quem sou eu? Qual é o meu objetivo? Estas perguntas são inquietudes, da própria intelecção humana, para tentar solucionar problemas através das respostas, daquilo que o põe em posição de provocações.

As primeiras ações criadoras do ser humano em sua existência são neste sentido: 1- a constituição de uma noção de que somos alguém, ou a construção de uma noção de identidade pessoal; 2- a representação mental do mundo que habitamos, ou a constituição do mundo que nos circunda. Estas duas criações iniciais permitem ao ser humano articular uma relação entre o eu e o mundo, que estão na base da construção e manutenção da existência, garantindo o estabelecimento de uma adaptação ao ambiente, que encontra e está vinculado a um sentimento de bem estar. (Sakamato, 2004, p.30).

         O permear da solução da criatividade, não se camufla as necessidades da limitação do conhecimento, mas sim, a inconclusão do conhecimento. Este fenômeno, é, um motor científico, que desperta no intelecto humano, e, é acionando para potencialização da sua própria existência, se tornando exploradores da vida. Pois a condição natural da existência humana, o leva para o encontro consigo mesmo, ao interesse próprio de quando, se chega a uma meta alcançada. Assim, sempre haverá interesses desafiadores para tentar justificar problemas. Ser “gênio” criativo é não inserir na “superficialidade da normalização social”, mas deve estar fomentado, para o prazer amoroso da crítica, tendo ‘consciência’ e praticando essa ‘consciência’ como seu “dom” real.

Referências:

- BOFF, Leonardo. Do iceberg à arca de Noé: o nascimento de uma ética planetária. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. 159 p. (Coleção Os Visionatas).

- CAPALBO, Creusa. Historicidade e ontologia. São Paulo: Edições Humanidades, 2004.

- FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

- REALLE,Giovanni. Aristóteles- Hitória da filosofia Grega e romana. Tradução. Henrique Cláudio de Lima Vaz, Marcelo Perine. 9ª edição Rio de Janeiro: Edições Loyola, de 1994.

- SAKAMOTO, Cleusa kazue. O Gênio Criador/ Cleusa Kazue Sakamoto. – São Paulo: Casa do psicólogo.

- HUSSERL, Edmund. La filosofía como ciencia estricta. TABENING, Elsa (Trad.) Buenos Aires: Editorial Almagesto, 1992.

- CAPALBO, Creusa. Historicidade e ontologia. São Paulo: Edições Humanidades, 2004.

O que é criatividade - Prof. Ilíada de Castro



[1] Graduado em Filosofia pela FAPCOM-SP, Psicologia pela PUCMG, especializando em saúde mental e pesquisador de  bioética. Email para contato: marcos.trindade2014@gmail.com. 

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