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sábado, 1 de julho de 2017

Jornalismo Libertador !


         O ambiente contemporâneo é confuso e alterável, temos dificuldade em discriminar, classificar e ordenar, detectar regularidades e fazer distinções entre o que é importante e o que não é, saber quando estamos sendo manipulados. O homem busca conhecimento por uma questão de sobrevivência. “Conhecimento é poder, mas poder não é, necessariamente, conhecimento.” (HENRIQUES, Mendo e BARROS, Nazaré)
         Um exemplo se faz na política dos Estados democráticos que constroem suas imagens através de agências de comunicação. A massa da população não tem capacidade de interpretar e intervir na vida pública, pois está modelada por uma visão de mundo construída pelo marketing político.
Os fatos são construções e interpretações, e quem os narra é um formador de opinião que é sempre portador de uma determinada visão de mundo, mas cujos valores, desejos e expectativas são, por um lado, raramente revelados ou, por outro, escolhidos entre os modelos do pensamento único, do politicamente correto. Os políticos querem ocupar um lugar favorável nos barômetros da popularidade. (HENRIQUES, Mendo e BARROS, Nazaré, 2013, p. 50 e 51)
         O século XXI é o século da informação, e pode ser o século da formação. Esse é o papel dos meios de comunicação, e fundamentalmente do jornalismo, mais do que bem informar, deve em longo prazo formar o cidadão. Na política, a massa deve aprender a votar e eleger o seu representante, perceber quem é quem, identificar as falácias nos discursos e construir uma opinião que possa formar uma visão de mundo factível e permeável à transformação. O desenvolvimento sustentável ocorrerá a partir de uma ação concreta e real, que se materializará em um ponto no futuro da história. Se questionarmos o cenário atual, veremos que:
Se nos perscrutarmos, descobriremos muitas irracionalidades, muita falta de realismo e muita propensão e fantasias. Descobriremos que estamos aprisionados por imensos preconceitos, imensas superstições e crenças. A psicologia e a sociologia ajudam-nos a identificá-los, mas só a filosofia permite que nos interroguemos sobre até que ponto andamos iludidos. (HENRIQUES, Mendo e BARROS, Nazaré, 2013, p. 51)
         O papel do jornalismo no século XXI se fundamenta como um veículo para o conhecimento, deve atender aos que não tem conhecimento e espera que a realidade os ofereça. Deve possibilitar que o comportamento não seja condicionado, exista sem automatismo e que as respostas sejam questionadas. Por isso, o jornalismo mais do que informar, deve formar. O jornalismo do século XXI será menos instrumental e mais filosófico, aberto a críticas e reflexões, trará o conteúdo revestido de princípios orientadores para a formação de um juízo por parte de seu receptor da informação. Esta é a função de um jornalismo transformador, criador e libertador.
Se quisermos fugir de ilusões e resistir às distorções da realidade, precisamos ter princípios para orientar nossos juízos. A desorientação resulta sempre da falta de questionamento ou da ignorância das provas. Precisamos filtrar a informação e ter critérios quanto ao tipo de evidências necessárias para suportar nossas afirmações. Esses critérios, em última análise, derivam de uma concepção do que podemos conhecer e de como conhecemos. Por isso mesmo se torna necessária à reflexão filosófica sobre esse tema. (HENRIQUES, Mendo e BARROS, Nazaré, 2013, p. 51)
         O jornalismo tem que fazer o seu leitor, telespectador, receptor não acomodar nem aceitar passivamente a informação, deve persistir, insistir e não desistir, levantar todas as hipóteses e todas as suspeitas, pois não há respostas evidentes; tudo tem de ser fundamentado, argumentado, logicamente construído. Ter um espírito filosófico que combate a precipitação, o imediato, as evidências do senso comum. Nada é o que parece, e a realidade raramente é transparente e linear. Tem que ser intérprete da informação. A consistência e a coerência de uma opinião brotam do pensamento sistemático. O jornalismo tem que despertar o desejo de conhecer.
         Fonte:
         Mendo Henriques e Nazaré Barros. Olá, consciência uma viagem pela filosofia. É Realizações Editora, Livraria e Distribuidora Ltda, São Paulo – SP, 2013.



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