O
Homem foi criado para submeter à terra e dominar todo ser vivente. A ação
humana que possibilita este domínio humano é o trabalho, que existe com vistas
a sua própria sobrevivência.
O domínio do
homem sobre os demais seres viventes não deve todavia ser despótico e
destituído de bom senso; pelo contrario ele deve cultivar e guardar. O trabalho
deve ser honrado porque fonte de riqueza ou pelo menos condições de vida decorosas
e, em geral, é instrumento eficaz contra a pobreza (cf. Pr 10, 4), mas não se
deve ceder à tentação de idolatrá-lo, pois que nele não se pode encontrar o
sentido último e definitivo da vida. (COMPÊNDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA,
2004, p. 91-92)
Devemos
refletir como o trabalho é compreendido no mundo capitalista, fonte de riqueza,
mas também injustiça, incapaz de viabilizar condições de vida decorosa, pois a
justiça que precede o lucro não é priorizada. O mundo vive uma onda perigosa do
capitalismo, o neoliberalismo que minimiza a importância do papel do Estado,
que tem a função de promover a justiça social ao regular às relações do capital
e do trabalho. O Homem trabalha para servir ao capital, ou trabalha para ser
servido pelo capital ? “O curso da
história está marcado por profundas transformações e por exaltantes conquistas
do trabalho, mas também pela exploração de tantos trabalhadores e pelas ofensas
à sua dignidade.” (COMPÊNDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, 2004, p. 94)
No
mundo contemporâneo a humanidade vive o problema da exploração dos
trabalhadores, que mal são remunerados o suficiente para manterem uma qualidade
de vida digna. A causa é a nova organização do trabalho, de matriz capitalista,
e quando não a instrumentalização ideológica, socialista e comunista, das
justas reivindicações do mundo do trabalho. Os danos e as injustiças prejudicam
a vida social no interior de cada uma das nações e no plano internacional. “O trabalho, com efeito, chave essencial de toda
a questão social, condiciona o desenvolvimento não só econômico, mas também
cultural e moral, das pessoas, da família, da sociedade e de todo o gênero
humano.” (COMPÊNDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, 2004, p. 95)
O
trabalho não deve ser tratado como uma simples mercadoria ou um elemento
impessoal da organização produtiva, mas um meio para a afirmação da expressão
essencial da pessoa.
Qualquer forma
de materialismo e de economicismo que tentasse reduzir o trabalhador a mero
instrumento de produção, a simples força de trabalho, a valor exclusivamente
material, acabaria por desnaturar irremediavelmente a essência do trabalho,
privando-o da sua finalidade mais nobre e profundamente humana. A pessoa é o parâmetro
da dignidade do trabalho: Não há dúvida nenhuma, realmente, de que o trabalho
humano tem um seu valor ético, o qual, sem meios termos, permanece diretamente ligado
ao fato de aquele que o realiza ser uma pessoa. (COMPÊNDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA
IGREJA, 2004, p. 96)
Qual
seria então o caminho mais justo? Entender que a pessoa humana é mais
importante que o trabalho, criar condições para que o trabalho esteja a serviço
do Homem, rever a ética fundante da relação capital e trabalho. O trabalho
ético possui uma função social, promove a justiça e minimiza os conflitos
sociais. “O trabalho, pelo seu caráter
subjetivo ou pessoal, é superior a todo e qualquer outro fator de produção:
este princípio vale, em particular, no que tange ao capital.” (COMPÊNDIO DA
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, 2004, p. 97)
O
que humaniza o Homem é a finalidade que este mesmo Homem dá a sua própria vida.
O capital pode tratar o Homem como mercadoria e submeter o Homem ou o Homem
pode se colocar como prioridade e submeter o capital. Assim podemos refletir, o
Homem é uma coisa ou uma derivação do SER, que pode transcender a sua própria
existência? Somos racionais com capacidade sensível de transformar e construir
a sua própria realidade através do trabalho. Assim, podemos construir uma nova
relação do capital e trabalho, onde há direitos e deveres do Homem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário