O
Homem, a partir do que é, tem a possibilidade de ser mais feliz, a partir do
que tem ou do que representa. Para a construção do caminho que leva a
felicidade o Homem se relaciona com o outro, e muita das vezes cria um vínculo,
uma união que forma uma unidade por si. O Homem dá sentido para o vínculo
humano a partir do que ele é. E saber o que é este Homem é a questão.
O
Homem é um ser que primeiro racionaliza os seus sentimentos para viver uma
experiência humana ou utiliza primeiro seus sentimentos para viver a
experiência humana e criar um discurso racional? Quem é este Homem que tem a
necessidade do vínculo para ter relações humanas e assim dar um sentido para
sua própria vida?
A
vida humana é efêmera neste planeta, mas ao longo da história está carregada de
significados, onde impérios surgiram e desapareceram, tudo está em um constante
movimento, como se não houvesse um ponto fixo para se apoiar. Sendo assim, cada
um de nós precisa constituir vínculos para dar uma continuidade segura à
solitária jornada existencial. O Homem é singular, só ele conhece a sua própria
história, que é individual e única.
Em
um primeiro momento o Homem frui para si, em um segundo momento o Homem se
torna capaz de fruir para o outro, como se transcendesse a sua própria existência.
O vínculo se materializa a partir da transcendência humana, é um ir além de si
mesmo, não estar preso em seu próprio Eu. Ser capaz de construir pontes para
criar o novo, o inesperado, o incalculável. São das relações humanas que o
Homem tem se inspirado para superar os desafios e tudo começa quando se tem um
vínculo entre duas ou mais pessoas. E qual é o fim do vínculo entre duas
pessoas?
O
Homem se move com vistas a um fim, o intelecto apreende a realidade e seu fim,
a vontade depende do conhecimento do fim para se manifestar em uma ação. E o
fim último do Homem é o bem, que o intelecto reconhece como verdade, ou seja, o
conhecimento da verdade.
O verdadeiro e o
bom se penetram reciprocamente, porque o verdadeiro é certo bem, e todo bem é
verdadeiro; por isso o bem pode ser considerado como uma cognição especulativa,
se se considerar apenas a sua verdade [...] E o bem pode também ser considerado
praticamente, se se considera como bom, ou seja, se é considerado como o fim do
movimento ou da operação. (De Veritate, q. 3, a. 3, ad. 9)
Segundo
Anderson Machado, “a razão teórica
conhece a verdade, a prática conhece o bem”. Ou seja, o conhecimento se faz
de forma especulativa ou prática, a primeira se faz pela reflexão e estudo, a
segunda pela vivência da realidade existencial. Assim, o vínculo entre duas
pessoas pode ocorrer de forma abstrata ou material, com o objetivo de se alcançar
um bem maior. Para o vínculo entre duas pessoas ser duradouro precisa está
fundamentado na verdade, que se destina ao bem. A sustentabilidade e
longevidade do vínculo humano só são possíveis se forem verdadeiros, envoltos por
transparência e sinceridade. Não há futuro na mentira, que obscurece a verdade
e traz a confusão. O Ser para Ser, não pode Não-Ser. Para ser feliz e estar
bem, só há um caminho, a dualidade do Ser é uma mentira, que não revela o pleno
e infinito bem, o fim que motiva e tem como destino toda a ação humana.
Vincular-se, é agir com vistas a um fim, que é o bem.
Referência:
ALVES, Anderson Machado Rodrigues. Ser e dever-ser: Tomás de Aquino e o debate
filosófico contemporâneo – São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e
Ciência “Raimundo Lúlio” (Ramon Llull), 2015.
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