Vivemos
por partes, um passo após o outro, não temos um percurso linear e contínuo. A alternância
de poder representa a alternância de políticas públicas, umas mais estatizantes
e outras mais liberais. O Brasil tem uma identidade bipolar, em cada momento da
história assume uma personalidade, o que pode conduzir a um comportamento
esquizofrênico. O que realmente somos?
Os
resultados colhidos pelo Brasil ao longo do tempo são dolorosos, produz um
enorme sofrimento a camada menos favorecida da população. Não há educação, não há
saúde, não há segurança, muito menos uma distribuição de renda justa capaz de
viabilizar um estilo de vida com qualidade. O Brasil, um país tão grande, tão
belo e tão doente, sem presente e muito menos um futuro para maior parte de sua
população. Caminha provocando marcas na história, o registro de contradições,
de inverdades e sonhos ilusórios. Por onde podemos recomeçar?
O
Brasil precisa deitar no divã e passar por uma psicanálise, sempre há tempo
para se libertar das neuroses, complexos e recomeçar a partir de um novo ponto.
O que será que os psiquiatras têm para dizer do país Brasil? Oportunidades
existem, mas aproveitamos as oportunidades em um percentual abaixo da média de
um país desenvolvido, o que nos falta? Nossos líderes políticos são capazes de
dizer uma coisa e fazer outra coisa totalmente inversa, sem qualquer coerência
ou convicção. A vida do cidadão brasileiro é paradoxalmente complexa, onde se
paga muito imposto e se tem carência dos serviços públicos, onde o Estado é
incapaz de gerenciar as contas públicas, e apresenta enormes déficits
comprometendo a vida de gerações futuras.
Hoje
o Brasil está dividido, parte da população quer permanecer com as políticas
públicas de esquerda insustentáveis a longo prazo e parte quer uma mudança de
direção menos brusca, um crescimento econômico sustentável, um Estado mais
eficiente sem a perda dos direitos sociais reconhecidos na Constituição de
1988. A sociedade brasileira se faz justa a partir da ação do Estado, a
iniciativa privada só se move se vislumbrar lucro no final do processo, para as
iniciativas sociais que não são capazes de gerar lucro, é necessária a ação do
Estado, que tem como fim proporcionar o bem estar da população. O Brasil não é
um país de livre mercado nem um país de Estado absoluto, é um país híbrido, que
precisa construir a própria identidade a partir de sua própria realidade
existencial. A participação popular e o jogo político é a oportunidade de
construção dessa identidade, que tenha como objetivo promover o bem estar da
população. Será que nós brasileiros somos capazes de agir politicamente para a
construção de uma identidade nacional? Ou seremos governados por líderes que
não representam os eleitores? O Brasil precisa de um tratamento terapêutico, e
o começo desse tratamento começa pela ação ordenada dos intelectuais e especialistas
de plantão. Então mãos a obra...
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