A
Verdade do bem se manifesta no mundo sensível através das coisas. Assim se faz
necessária uma reflexão sobre a utilidade das coisas. As coisas são úteis
quando são boas, e não boas quando são somente úteis. Ou seja, em primeiro
lugar está o valor em si mesmo das coisas e não apenas a sua utilidade, pois
podemos tornar úteis coisas que nos fazem mal. Como podemos saber a verdade da
utilidade das coisas ?
A verdade e o
bem se incluem mutuamente. Pois a verdade é certo bem, sem o qual não seria apetecível;
e o bem é certa verdade, sem a qual não seria intelegível. (S. Th., I, q. 79,
a. 11, ad 2)
O
Homem se move na medida em que tem o conhecimento do fim, e o fim é o bem em si
mesmo. Na medida em que as coisas são boas, elas se tornam úteis para a vida
humana, fazem o Homem se mover em direção do bem. Para conhecermos o que é bom e
darmos utilidade às coisas, precisamos fazer um juízo de valor das coisas. E o
que pode nos dar este conhecimento? A forma com a qual somos educados é um
caminho capaz de revelar a verdade do bem que tanto buscamos, passa pela
família e pela sociedade em suas instituições de ensino.
Condição
indispensável para o movimento em direção ao fim é o conhecimento do mesmo.
Assim, pois, todo o que obra ou se move em virtude de um princípio intrínseco e
tem algum conhecimento do fim, possui em si mesmo o princípio de seus atos, não
somente para agir, mas também para agir para o fim [...]. Como o homem é o que
melhor conhece o fim da sua atividade e move a si mesmo, segue-se que seus atos
são os que com mais podem chamar-se voluntários. (S. Th., I-II, q. 6, a. 1 c.)
A
apreensão da verdade ordena a vontade e dirige o Homem ao bem verdadeiro. “A
vontade não pode ser ordenada retamente ao bem a não ser que preexista alguma
cognição da verdade”. (S. Th., I-II, q. 8, a. 4c.) Pela razão conhecemos a
verdade, pela prática conhecemos o bem, segundo Anderson Machado Rodrigues
Alves. E o conhecimento da verdade se forma por um modo especulativo e/ou modo
prático. Assim, o Homem vivido, que tem uma experiência de vida, detém certo
conhecimento da verdade do bem. Não há como sermos inovadores sem a valorização
da tradição, do conhecimento acumulado pela humanidade. O Homem é capaz de
criar um novo paradigma a partir de um paradigma já estabelecido, do nada o
Homem não tem o poder criador, apenas o Ato Puro incausado tem o poder criador
do nada, que é a suma verdade, sumo bem. Se caminharmos para o bem,
caminharemos em direção ao Ato Puro, a plenitude do Homem.
Referência:
ALVES,
Anderson Machado Rodrigues. Ser e dever-ser: Tomás de Aquino e o debate
filosófico contemporâneo – São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência
“Raimundo Lúlio” (Ramon Llull), 2015.
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