Segundo
Aristóteles, “a inteligência pensa a si
mesma capitando-se como inteligível: com efeito se torna inteligível intuindo e
pensando a si, de modo que inteligência e inteligível coincidem. A inteligência
tem capacidade e posse daquilo que tem de divino, e a atitude de contemplação é
aquilo que existe de mais agradável e de mais excelente.”
A inteligência humana é
um fragmento do divino, mas para aceitarmos tal possibilidade é necessário acreditar
na existência de Deus, para que aceitemos que o homem tem a capacidade de ter
um pensamento e uma atitude contemplativa para com Deus.
A
Metafísica de Aristóteles articula o problema do divino. Aristóteles sugere uma
das primeiras demonstrações racionais da existência de Deus e da sua natureza. Para
Aristóteles, “existe algo que sempre se
move como movimento contínuo. Portanto, há também algo que move. E, uma vez que
isso que é movido e move é um termo intermédio, deve existir, como consequência,
algo que mova sem ser movido e que seja substância eterna e ato”.
Para
explicar a existência de Deus, Aristóteles parte do movimento, que “toda forma de movimento explica-se com um
princípio motor, que é justamente sua causa. A forma de movimento mais perfeita
é a dos céus, que é um movimento contínuo e eterno. Mas, como todo outro
movimento, ele deve ter um princípio que por sua vez não é movido, o qual, pra
produzir movimento eterno, deve ser eterno, e, para produzir movimento sempre
contínuo, deve estar sempre em ato. E este é justamente Deus, que é vida pura,
vida de inteligência que pensa a si mesmo, Deus é suma beleza, sumo bem.”
Para o mundo antigo, a
possibilidade de acreditar na existência de um único Deus ainda não revelado
aos gregos, mas uma concepção racional do esforço intelectual do Homem
representa um avanço para a época, que veio influenciar profundamente o cristianismo
na Suma Teológica de São Tomaz de Aquino, quando Aristóteles é cristianizado.
Perceba
que a concepção de Deus pelos gregos, ainda não é a concepção de um Deus que se
revela, se relaciona, é ciumento e cobra uma correspondência por parte do Homem,
conforme o Deus de Abraão, de Moisés, da Bíblia Sagrada. Mas um Deus percebido
pela contemplação racional do intelecto humano.
“Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo.”
(Voltaire)
Nenhum comentário:
Postar um comentário