O
pós-modernismo é um movimento intelectual que afirma que estamos vivendo uma
nova época histórica, a Pós Modernidade, diferente da modernidade. O
pós-modernismo não constrói uma teoria coerente e unificada, mas um conjunto
variado de perspectivas, que abrangem com diversidade os campos intelectuais,
políticos, estéticos e epistemológico. Tem início em algum ponto da metade do
séc. XX. Questiona os princípios e pressupostos do pensamento social e político
estabelecidos e desenvolvidos a partir do iluminismo. As ideias de razão,
ciência, racionalidade e progresso estão na raiz dos problemas que assolam a
nossa época.
Ao
efetuar uma reviravolta nas ideias e noções epistemológicas da Modernidade, o
pós-modernismo tem importantes implicações curriculares. As nossas noções de
educação, pedagogia e currículo estão solidamente fincadas na modernidade. O
pós-modernismo desconfia das pretensões totalizantes do saber do pensamento
moderno, questiona as noções de razão e racionalidade, fundamentais para a
perspectiva iluminista da Modernidade, que em nome da razão e da racionalidade,
instituíram sistemas brutais e cruéis de opressão e exploração. Ao invés de
levar ao estabelecimento da sociedade perfeita do sonho iluminista, levam ao
pesadelo de uma sociedade totalitária e burocraticamente organizada.
O
pós-modernismo coloca em dúvida a noção de progresso, centro da concepção
moderna de sociedade. Para o pós-modernista o progresso só, não é algo
necessariamente desejável e benigno. O controle e domínio da natureza, o avanço
constante da ciência e tecnologia trouxe benefícios, mas também malefícios. E o
saldo a longo prazo e negativo.
O
pós-modernismo ataca o sujeito racional, livre, autônomo, centrado e soberano
da Modernidade. Guiado unicamente pela razão e sua racionalidade. Para Freud e
Lacan, o sujeito não converge para o centro, coincidindo com sua consciência, é
fundamentalmente fragmentado e dividido. O sujeito não é o centro da ação
social. Ele não pensa, fala, produz. Ele é falado, pensado, produzido. Ele é
dirigido a partir do exterior, pelas estruturas, pelas instituições, pelo
discurso. Para o pós-modernismo o sujeito moderno é uma ficção.
O
pós-modernismo inclina-se para a incerteza e a dúvida, desconfiando
profundamente da certeza e das afirmações categóricas. No lugar das grandes
narrativas e do objetivismo do pensamento moderno, o pós-modernismo prefere o
subjetivismo das interpretações parciais e localizadas. É o cenário de
incerteza, dúvida e indeterminação.
Assim,
há uma incompatibilidade do currículo existente (moderno) com o a pós-modernidade.
O currículo existente tem características da modernidade, linear, sequencial e
estático. Sua epistemologia é realista e objetiva, é disciplinar e segmentada.
Segue fielmente as grandes narrativas da ciência, do trabalho capitalista e do
estado nação. O sujeito racional, centrado e autônomo da Modernidade está no
centro do currículo existente.
Da
perspectiva pós-moderna, o problema não é apenas do currículo existente, é da
própria teoria crítica do currículo. Que seguem princípios e linhas gerais da
grande narrativa da Modernidade. Depende do universalismo, essencialismo, e do
fundacionalismo do pensamento Moderno. Pondo em cheque os princípios
emancipadores e libertadores das teorias críticas, que estão voltados para o
domínio e controle da epistemologia moderna. A pedagogia tradicional e a
pedagogia crítica acabam convergindo em uma pedagogia moderna comum.
O
pós-modernismo é uma radicalização dos questionamentos lançados às formas
dominantes de conhecimento da pedagogia crítica, acaba com qualquer
vanguardismo, qualquer certeza e qualquer pretensão de emancipação. O
pós-modernismo assinala o fim da pedagogia crítica e o começo da pedagogia
pós-crítica. O currículo tem que ser pensado em uma nova perspectiva para
atender as necessidades do sujeito pós-moderno.
Bibliografia:
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de
identidade; uma introdução às teorias do currículo / Tomaz Tadeu da Silva. – 2ª
ed. , 9ª reimp. – Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
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