De
onde vem o conhecimento? O conhecimento já está dado? O conhecimento preexiste?
Segundo as convicções de Aristóteles, “Todo o ensino e toda a instrução
intelectual procedem de conhecimento pré-existente [...] O mesmo ocorre com os
argumentos lógicos.” (ARISTÓTELES, 2010, p. 251) Ou seja, o Homem torna-se sábio
na medida em que o conhecimento é revelado para si mesmo, e qual é o esforço
intelectual que o Homem faz?
O
Homem formula premissas a partir de fatos já conhecidos, levanta hipóteses,
demonstrando o universal a partir da natureza auto evidente do particular, que
vêm a conceber os paradigmas.
O
conhecimento prévio é necessário para supor antecipadamente o fato. Uma das
formas de obtermos conhecimento é pela demonstração, ao se entender o silogismo
científico, podemos compreender alguma coisa pelo mero fato de apreendê-la.
O
conhecimento é o que supomos que seja, já o conhecimento demonstrativo procede
de premissas que sejam verdadeiras, primárias, imediatas, melhor conhecidas e
anterior à conclusão, que sejam causa desta. O silogismo é possível sem tais
condições, já a demonstração não é possível, pois o resultado não será conhecimento.
As
premissas têm que ser proposições verdadeiras, se não é impossível conhecer o
que é contrário ao fato. Conhecer o que é suscetível de demonstração, e ter do
conhecimento a demonstração; tem que ser causais, melhor conhecidas e
anteriores.
Causais porque só
dispomos de conhecimento de uma coisa quando conhecemos sua causa, anteriores
na medida em que são causais e já conhecidas, não meramente no sentido de que
seu significado é entendido, mas também no sentido de que são conhecidas
factualmente. (ARISTÓTELES, 2010, p. 254)
O
primeiro princípio de uma demonstração é uma premissa imediata, e uma premissa
imediata é aquela que não tem nenhuma outra premissa anterior a ela.
Chamo de tese o
primeiro princípio imediato e indemonstrável de um silogismo cuja apreensão é
desnecessária à aquisição de certos gêneros de conhecimento; mas aquele que necessita
ser apreendido chamo de axioma, pois há, com efeito, certas coisas desta
natureza e estamos habituados a designá-las especialmente com este nome. (ARISTÓTELES,
2010, p. 254)
A
condição para o nosso conhecimento ou convicção de um fato é a apreensão de um
silogismo do tipo demonstrativo. O silogismo depende da verdade de suas
premissas. Conhecer de antemão as premissas primárias melhor do que a conclusão.
Pois as premissas primárias são a causa de nosso conhecimento e convicção.
Se
alguém possui o conhecimento que é produzido pela demonstração, tem que
reconhecer e crer nos primeiros princípios, mais do que aquilo que está sendo
demonstrado. Ou seja, para se chegar ao conhecimento é exigido um ato de fé nos
primeiros princípios.
Para
conhecer tem que crer, tem que ter fé, tem que constituir dogmas, opinião
explicitamente formulada como verdadeira. O que se pensa é verdade. Na
antiguidade, entendia-se como uma crença ou convicção, um pensamento firme ou
doutrina.
Podemos
dizer que a ciência demonstrativa é dogmática, porque afirma o que pensa que é
verdade, partindo de princípios definidos por um ato de fé. O ato de crer é o
primeiro passo para o conhecimento, depois tudo mais se é revelado. O
conhecimento vem da fé, o conhecimento é dado a partir da fé, o conhecimento
preexistente é acessado por um ato de fé.
Se
fizermos uma reflexão sobre a ciência contemporânea a partir da metafísica
grega, o conhecimento científico dogmático constitui uma forma de religião,
capaz de religar o Ente ao SER através do conhecimento, da verdade. São formuladas
doutrinas científicas que ensinam, indicam, apontam alguma coisa, instruem e
educam o Homem. E afirmam a capacidade de nossa mente, da nossa
intelectualidade, para alcançar a verdade no problema crítico.
A
questão é: A verdade se revelada, ou é revela pela capacidade intelectual do
Homem? De onde parte a verdade?
Referência:
ARISTÓTELES. Órganon: Categorias, Da
interpretação, Analíticos anteriores, Analíticos posteriores, Tópicos, Refutações
Sofísticas / tradução, textos adicionais e notas Edson Bini / Bauru, SP:
EDIPRO, 2ª ED., 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário