O
terceiro milênio, para ser sustentável, cobra uma manifestação mais ampla do
capitalismo vigente, não basta gerar lucro e emprego sem um compromisso social,
deve eliminar a injustiça social. A criação de riqueza e a manutenção dela se
manifestam pelo fruto do trabalho.
“O trabalho deve ser honrado porque fonte de riqueza
ou pelo menos condições de vida decorosas e, em geral, é instrumento eficaz
contra a pobreza, mas não se deve ceder à tentação de idolatrá-lo, pois que
nele não se pode encontrar o sentido último e definitivo da vida. Vivemos o
problema da exploração dos trabalhadores, consequência da nova organização do
trabalho, de matriz capitalista, e o problema, não menos grave, da
instrumentalização ideológica, socialista e comunista, das justas
reivindicações do mundo do trabalho.” (RERUM NOVARUM, de Leão XIII)
Por
qual caminho devemos seguir?
A
sociedade deve buscar um modelo econômico que respeite a liberdade humana, a
livre iniciativa, que esteja comprometida com a eliminação da injustiça social,
ou seja, o surgimento de um capitalismo social. Onde o fim do trabalho, da
geração de riqueza seja a busca da justiça social. A sustentabilidade do futuro
passa pela por uma ética social justa.
“A Rerum Novarum é antes de tudo uma vívida defesa
da inalienável dignidade dos trabalhadores, à qual anexa a importância do
direito de propriedade, do princípio de colaboração entre as classes, dos
direitos dos fracos e dos pobres, das obrigações dos trabalhadores e dos
empregadores, do direito de associação. As orientações ideais expressas na encíclica
reforçam o empenho de animação cristã da vida social, que se manifestou no
nascimento e na consolidação de numerosas iniciativas de alto caráter civil:
uniões e centros de estudos sociais, associações, sociedades operárias, sindicatos,
cooperativas, bancos rurais, seguros, obras de assistência. Tudo isto deu um notável
impulso à legislação do trabalho para a proteção dos operários, sobretudo das crianças
e das mulheres; à instrução e à melhora dos salários e da higiene.” (RERUM NOVARUM, de Leão XIII)
O
trabalho é a atividade do homem capaz de mudar das condições técnicas,
culturais, sociais e políticas. Pode ser um importante instrumento na
manifestação da justiça social. O homem não pode ser reduzido a apenas um
objeto, tratado como uma coisa, mas sim como um ser humano, imagem e semelhança
de Deus.
“A subjetividade confere ao trabalho a sua peculiar
dignidade, que impede de considerá-lo como uma simples mercadoria ou um
elemento impessoal da organização produtiva. O trabalho, independentemente do
seu menor ou maior valor objetivo, é expressão essencial da pessoa. Qualquer
forma de materialismo e de economicismo que tentasse reduzir o trabalhador a
mero instrumento de produção, a simples força de trabalho, a valor
exclusivamente material, acabaria por desnaturar irremediavelmente a essência
do trabalho, privando-o da sua finalidade mais nobre e profundamente humana. A
pessoa é o parâmetro da dignidade do trabalho: Não há dúvida nenhuma,
realmente, de que o trabalho humano tem um seu valor ético, o qual, sem meios
termos, permanece diretamente ligado ao fato de aquele que o realiza ser uma
pessoa. A dimensão subjetiva do trabalho deve ter a preeminência sobre a
objetiva, porque é aquela do homem mesmo que realiza o trabalho,
determinando-lhe a qualidade e o valor mais alto. Se faltar esta consciência ou
se não se quiser reconhecer esta verdade, o trabalho perde o seu significado
mais verdadeiro e profundo: neste caso, lamentavelmente frequente e difundido, a
atividade trabalhista e as mesmas técnicas utilizadas se tornam mais
importantes do que o próprio homem e, de aliadas, se transformam em inimigas da
sua dignidade. O trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho” (RERUM
NOVARUM, de Leão XIII)
O
trabalho humano possui uma dimensão social. Trabalhar é um trabalhar com os
outros e um trabalhar para os outros. O trabalho, portanto, não se pode ser
avaliado equitativamente se não se leva em conta a sua natureza social. O
capital e o trabalho, a atividade humana não pode produzir os seus frutos se
não pode ela ser com justiça, nem ser avaliada nem remunerada equitativamente,
se não se tem em conta a sua natureza social e individual.
“O trabalho se perfila como obrigação moral em
relação ao próximo, que é em primeiro lugar a própria família, mas também à
sociedade, à qual se pertence; à nação, da qual se é filho ou filha; a toda a
família humana, da qual se é membro: somos herdeiros do trabalho de gerações e
ao mesmo tempo artífices do futuro de todos os homens que viverão depois de
nós.” (RERUM NOVARUM, de Leão XIII)
O
capital social indicar a capacidade de colaboração de uma coletividade, assim
deve ser a nova ética do Capitalismo Social. O trabalho tem uma prioridade
intrínseca em relação ao capital: Este princípio diz respeito diretamente ao
próprio processo de produção, relativamente ao qual o trabalho é sempre uma causa
eficiente primária, enquanto que o “capital”, sendo o conjunto dos meios de
produção, permanece apenas um instrumento, ou causa instrumental. Quem está em
primeiro lugar? O Ser Humano ou o Capital?
“Entre capital e trabalho deve haver
complementaridade: é a mesma lógica intrínseca ao processo produtivo a mostrar
a necessidade da sua recíproca compenetração e a urgência de dar vida a
sistemas econômicos nos quais a antinomia entre trabalho e capital seja superada.
De nada vale o capital sem o trabalho, nem o trabalho sem o capital.” (RERUM
NOVARUM, de Leão XIII)
Com
a robotização, o avanço da informática e a internet, o trabalhador está sendo
tratado como um objeto, uma coisa, a ser eliminada como um custo desnecessário.
Estamos criando uma sociedade alienada do mundo do trabalho, que será
marginalizada e sofrerá a injustiça social. O capitalismo social tem que está
comprometido com o Ser Humano, o trabalho tem que promover a dignidade humana,
ser capaz de suprir a necessidades do Homem e construir uma sociedade justa em
todos os aspectos, religioso, político e econômico. O futuro existe a partir do
presente que construímos, cabe a nós escolhermos o que queremos ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário