Hannah
Arendt (1906-1975) foi uma filósofa judia, de origem alemã, autora de vários
livros onde desenvolveu diversos conceitos, dos quais se destaca o que chamou
de “banalidade do mal”, ainda hoje polémico e incompreendido.
“Nós Cristãos devemos despertar,
buscar entender o mal que nossos irmãos sofrem pela perseguição religiosa em
países que somos minoria religiosa.”
O conceito de
“Banalidade do Mal”, aprofundado por Hannah Arendt no livro “Eichmann em
Jerusalém”, trouxe-lhe as críticas da comunidade judaica e também a polémica
que ainda se mantém. Se faz atual para o
mundo de hoje e a realidade que os Cristãos vivem em países de maioria mulçumana.
O livro
surgiu na sequência do julgamento em Jerusalém de Adolf Eichmmann, raptado
pelos serviços secretos israelitas na Argentina em 1960, e que a filósofa
acompanhou para a revista “The New Yorker”.
Nesta obra a
filósofa defende que, em resultado da massificação da sociedade, se criou uma multidão incapaz de fazer
julgamentos morais, razão porque aceitam e cumprem ordens sem questionar.
Eichmann, um
dos responsáveis pela solução final, não é olhado como um monstro, mas apenas
como um funcionário zeloso que foi incapaz de resistir às ordens que recebeu.
“Quando somos massificados pela
religião e vivemos uma fé sem o uso da razão, corremos o risco de sermos
injustos, não discernimos o certo e o errado, e podemos praticar o mal. Sem fazer
julgamentos morais, aceitamos e cumprimos ordens sem questionar. Temos como
exemplo parte da sociedade islâmica, fundamentalista que é capaz de
cometer atrocidades em nome da fé que professa. Não há amor, tolerância,
respeito pelo próximo e pelas minorias religiosas.”
O mal praticado torna-se banal.
Como
fundamentar a superfluidade da vida humana perante sua burocratização, que
desconhece ou ignora sua condição humana diante da calamidade, banalizando
atitudes maléficas. Com o olhar voltado ao julgamento de Otto Adolf Eichmann
como compreender sua mecanicidade em relação às regras e diretrizes,
legalizadas e legitimadas pelo sistema nazista. Como compreender o entendimento
da parte de Eichmann do que é o mal e sua relação com o dever profissional,
assim como relacionar o que pensa aquele que sofre algo que subentendesse um maleficio.
“Se formos Cristãos mornos, podemos
ser como burocratas da religião, superficiais, que desconhece ou ignora a
condição humana diante da calamidade, banalizando atitudes maléficas. Assim
fica a pergunta: qual deve ser a nossa posição perante a realidade da Igreja
que Sofre?” Iremos ignorar sua condição humana diante da calamidade,
banalizando atitudes maléficas?
Refletir a
teoria “arendtiana” acerca do entendimento sobre a banalização do mal e seus
fundamentos teóricos. Trata-se principalmente de algumas características que
fizeram parte do julgamento de Eichmann, e sua importância para compreensão do
homem burocrático, alienado e insesível, que a partir de uma ética profissional
promove o mal, legalizado e institucionalizado pelo sistema político.
“Imaginemos o que se passa com os
nossos Irmãos Cristãos que são perseguidos por homens burocráticos,
que a partir de uma ética religiosa promovem o mal, legalizado e
institucionalizado pelo sistema político e religioso de seus países. E frente a
todo esse mal a comunidade Cristã resiste, tenta ser uma luz de esperança
para quem nela professa a fé.”
Devido a
grande importância e atualidade da filosofia proposta por Hannah Arendt, e suas
significativas contribuições para o debate filosófico, tanto político como ético,
sendo o tema bastante pontual, esta será nossa diretiva: a questão ética do homem religioso, que professa uma fé violenta e
sua normalidade perante o mal praticado e institucionalizado pelo sistema
político e religioso.
Segundo
Arendt, no banco dos réus não estava um sádico, mas um homem assustadoramente
normal, que cumprindo às vezes de um bom funcionário, e obediente, buscando
alcançar metas estabelecidas, desenvolvia, diga-se de passagem, muito bem o seu
trabalho. Da mesma forma acontece com os
fundamentalistas islâmicos, na maioria das vezes são pessoas completamente
normais, que perderam a capacidade se sensibilizar com o mal, de ver o certo e
o errado, e pratica de forma institucionalizada o mal.
A partir da
descrição de Arendt, iremos traçar um caminho que caracterize a superfluidade
do homem burocrático, religioso, que age com naturalidade e orgulho o seu
labor. Buscaremos fragmentos que demonstrem a institucionalização do mal, como
algo constituído, arraigado em sistemas políticos e religiosos, que a partir de
um discurso civilizador promove a violência e a coerção. Que não remontam
tempos antigos, mas tempos atuais, onde a violência não mais se vincula com
aspectos emocionais ou irracionais, mas como parte integrante de um processo
civilizador, que sendo monopolizado pelo Estado, abre mão da violência para
salvaguardar o próprio Estado. Onde a
religião é usada como um meio para se ter o controle social e a manutenção do
Estado.
Nós Cristãos do Brasil, o
que podemos fazer???
Como devemos nos posicionar???
O diálogo inter-religioso é o começo
para criar um movimento por respeito, tolerância, justiça, como podemos agir???
Acredito que o primeiro passo é a
conscientização e posteriormente a divulgação da dura realidade, para assim
identificarmos o mal, e sabermos o que devemos combater. O Cristão tem
o compromisso de tomar partido e agir conforme os preceitos da fé que professa.
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