A
sociedade moderna trouxe a racionalidade e o cientificismo para a humanidade,
na virada do milênio vivemos a crise da modernidade, na qual é incapaz de proporcionar
o equilíbrio sustentável da humanidade. Pois o mundo objetivo aceito pela
ciência não dá conta de proporcionar respostas para os desafios subjetivos
impostos pelo tempo atual. Faz-se necessário a adoção de um novo Ethos, que
construa um modelo de ação subjetiva na sociedade, onde o homem esteja mais
integrado com os desafios do planeta e a comunidade em que atua.
A
crise da subjetividade privada enquanto tal, sobre a perspectiva acima, se
volta ao conceito de alienação sobre a modernização que se avança na sociedade
atual. Onde o Homem é equivalente a uma coisa, não como um sujeito consciente
de si, mas a sua consciência está atrelada a necessidade de respostas da
tecnologia, reprimindo a subjetividade existente na ação humana.
A
consciência do ser humano não está atrelada ao conceito de consciência de si,
mas a consciência humana atrela-se aos meios tecnicistas que alienam e faz
existir uma ruptura do homem Ethos. Também podemos assim entender que o
conceito de modernização transfigura na crise em que o ser humano consciente
não é dono mais de si, mas um objeto da ciência.
O
caminho para a superação da crise está na revalorização do ser humano como um
sujeito, que não está limitado aos parâmetros da racionalidade cientificista.
O Frankenstein de Mary Shelley. Essas figuras
míticas, que se esforçam por expandir os poderes humanos através da ciência e
da racionalidade, desencadeiam poderes demoníacos que irrompem de maneira
irracional, para além do controle humano, com resultados horripilantes. (BERMAN,
1986, p. 99)
O
Homem com o poder da técnica cientificista entende que a prosperidade é
sinônimo de riqueza material, fama, poder e luxo. Conforme explica ainda Berman
na obra Tudo que é Sólido se Desmancha no Ar, sobre o conceito de modernidade e
modernização a obra diz que:
“O Fausto de Goethe diz a Mefistófeles
que, sim, ele deseja todas essas coisas, mas não pelo que elas representam em
si mesmas.” Entendamo-nos bem. Não ponho eu mira na posse do que o mundo
alcunha gozos. O que preciso e quero é atordoar-me. Quero a embriaguez
de incomportáveis dores, a volúpia do ódio, o arroubamento das sumas aflições.
Estou curado das sedes do saber; de ora em diante às dores todas escancaro
est’alma. As sensações da espécie humana em peso, quero-as eu dentro de mim;
seus bens, seus males mais atrozes, mais íntimos, se entranhem aqui onde à
vontade a mente minha os abrace, os tateie; assim me torno eu próprio a
humanidade; e se ela ao cabo perdida for, me perderei com ela. (1765-75). (BERMAN,
1986, p. 40)
Portanto sobre este viés,
de modernidade pautada no conceito de cientificismo, o Homem subjetivo é
reprimido enquanto processo de Vir-a-Ser Humano. Ele está imerso na
insensibilidade da relação conjunta com outro Ser Humano, que produz ao longo
de sua história a crise da sua própria subjetividade privada.
Produzido por:
Keller Reis Figueiredo
Marcos Aurélio Trindade
Referência:
BERMAN, Marshall. Tudo que é Sólido se Desmancha no Ar – A Aventura da Modernidade. Editora
Schwarcz - São Paulo – SP – 1986.
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