Fazemos parte, de um
momento da história humana, que há uma abundância, fartura de bens materiais, e
mesmo assim na grande maioria nos sentimos carentes, necessitados de algo mais,
como se a abundância e a fartura material fosse uma conquista aparente,
superficial, incapaz de suprir todas as demandas existenciais.
Qual é a causa deste
sentimento?
O que realmente precisamos
ter para atingirmos a plenitude?
“O
infinito todo é um; pois, se fossem dois ou mais,
limitar-se-iam
um ao outro.”
(Xenofantes – V a.C.)
O que é a plenitude
para o Homem, se não fazer parte do infinito, estar em comunhão com o “Todo”,
como um poder estar existencialmente pleno, imerso do “Todo” e livre por fazer
parte do infinito, sem limites.
A dimensão na qual
podemos experimentar a plenitude, a infinidade é a dimensão imaterial, já a
dimensão material é o casulo da “pisque”, da “alma”, da “consciência” da qual
brota o mundo das ideias, perceptível pela razão humana, mas imperfeitamente
compreendida pelos sentidos humanos.
Por isso há tanta
divergência, singularidade, somos finitamente limitados para podermos
compreender e vivenciar o infinitamente ilimitado, o qual é apenas “UM”.
A relação entre o
Material e o Imaterial é uma busca de diálogo, para haver uma compreensão, uma
tentativa de se perceber pelos sentidos o que é percebido pela razão, através
da “Pisque”.
O Homem contemporâneo
está muitas das vezes carente por não promover um diálogo dos seus sentidos com
a sua razão, vive uma embriaguez material e não tem tempo ou espaço para se
aproximar de sua dimensão imaterial. Ou seja, vive uma vida limitada, finita,
não plena.
Como podemos mudar de
atitude?
É a atitude de um peregrino
existencial, aquele que sai em busca de si mesmo, e passa a viver o seguinte
dilema:
“Conhece-te
a ti mesmo. Em Grego: γνῶθι σεαυτόν”
(Inscrito no Templo
de Apolo em Delfos Aforismo
atribuído aos antigos sábios gregos)
Este talvez seja o
desafio existencial do Homem que é criado para viver a dimensão material, mas
tem a capacidade de perceber a existência da dimensão imaterial, infinita e una.
Por isso vivemos neste
mundo material, mas não pertencemos a ele, aqui é apenas um local de passagem,
que nos prepara para a vida racional, imaterial, infinita e uma.
Fazer do momento
histórico atual a oportunidade para estarmos preparados para viver a vida
imaterial, é questionarmos o modo de vida Humano e torná-lo menos egocêntrico,
egoísta, por sabermos que fazemos parte do “Todo”. Não somos o centro do universo,
mas somos conforme:
“O
Homem é a medida de todas as coisas...”
(Protágoras)
E percebemos o mundo
como:
“O
mundo é representação minha...”
(Arthur
Schopenhauer)
Até onde movido por
nossas buscas limitadas podemos cometer acertos ou erros? Está talvez seja a
beleza da vida humana, sempre está em construção, não somos uma peça acabada,
mas um ente no estado de Vir-a-Ser, carentes do “Todo”, do SER.