Angela Davis, filósofa,
professora emérita do departamento de estudos feministas da Universidade da
Califórnia, ícone da luta pelos direitos civis e ativista do Partido Comunista
dos Estados Unidos.
Sua militância política
busca promover a justiça social como um caminho para a construção de uma
sociedade melhor. Questiona a visão ortodoxa da esquerda sobre a classe, onde
na verdade podem existir subclasses conforme a raça e o gênero. Podemos analisar
a classe trabalhadora composta por homens e mulheres, brancos, negros e
imigrantes, onde forma-se uma pirâmide social que vai do maior até o menor
acesso aos direitos civis. Inicialmente segue esta ordem: 1ª Homem Branco, 2ª
Mulher Branca, 3ª Homem Negro, 4ª Mulher Negra, 5ª Homem Imigrante, 6ª Mulher
Imigrante.
“...As
organizações de esquerda têm argumentado dentro de uma visão marxista e
ortodoxa que a classe é a coisa mais importante. Claro que classe é importante.
É preciso compreender que classe informa a raça. Mas raça, também, informa a
classe. E gênero informa a classe. Raça é a maneira como a classe é vivida. Da
mesma forma que gênero é a maneira como a raça é vivida. A gente precisa
refletir bastante para perceber as intersecções entre raça, classe e gênero, de
forma a perceber que entre essas categorias existem relações que são mútuas e
outras que são cruzadas. Ninguém pode assumir a primazia de uma categoria sobre
a outra...”
A realidade social
presente nos Estados Unidos da América não é diferente do Brasil, na América
Latina. Podemos fazer as seguintes perguntas: Qual é a população que mais sofre
com a violência urbana? Como está definida a posição da mulher na sociedade
brasileira, especialmente da mulher negra? E o estrangeiro, como vive no
Brasil?
Os movimentos
progressistas no Brasil, que trabalham para promover a justiça social no país,
devem rever o conceito de classe e perceber as subdivisões existentes conforme
a raça e o gênero, e o acesso aos direitos civis. Segundo os grupos étnicos no
Brasil (Censo de 2010) existem: Brancos (47.51%). Pardos (43.42%). Pretos
(7.52%). Amarelos (1.1%). Indígenas (0.42%). Onde a mulher é subjugada pelo
homem e os direitos civis não se materializam de forma igualitária.
O movimento feminista
negro nos Estados Unidos pode contribuir para a revisão de conceitos, e ampliar
a visão de mundo sobre a posição da classe trabalhadora na sociedade, quanto ao
gênero e a raça. Iniciamos o século XXI, e já não é eticamente e moralmente
aceita a presença de uma injustiça social velada, pouco divulgada e combatida,
que privam os sujeitos de seus direitos civis, conforme a sua raça e gênero. Um
mundo melhor só pode existir com uma sociedade mais justa e igualitária, onde
os direitos civis são iguais para todos. O equilíbrio e a sustentabilidade buscados
pelas sociedades do presente passam por uma sociedade justa, que garanta os
direitos civis de todos os cidadãos. Seremos a medida de todas as coisas, na
medida em que soubermos o que queremos ser. A realidade factível será uma
representação nossa, que parte de uma visão de mundo.
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