Segundo
Fernando Pessoa, “o mito é o nada que é
tudo”. São as narrativas simbólicas e imaginárias que fornecem explicação
da realidade. Tem a função de explicar e tornar inteligível o que ainda não foi
compreendido.
O
Homem primitivo criou os mitos para compreender o mundo. Este Homem olha para o
Universo e se inquieta, percebe como o cosmos a sua volta tem uma ordem, o qual
precisa compreender interpretar e decifrar. O mundo que era visto como uma
força vital inexplicável, passa a ter novas explicações.
É
com a razão que se continua a buscar o que é permanente e universal no fluxo da
experiência. Os mitos começam a ruir, as explicações tradicionais, que
satisfaziam a uma sociedade aristocrática e guerreira, aparecem inadequados e
insuficientes.
A
mentalidade racional é analítica, procura distinguir entre pensamento e ser e,
dentro do ser, entre sujeito e objeto. O mito que era uma metafísica primeira
vai ceder o lugar ao logos, que se
descobrirá depois como uma mitologia secundária.
É
na Grécia que começa a história da filosofia, que é quase tão longa quanto a
cultura ocidental e tem data e local de nascimento: o século VI a.C., nas
colônias gregas da Ásia Menor. Os chamados filósofos pré-socráticos vão
procurar o princípio unificador e a origem do cosmos. Foi essa a aurora da
razão.
As
questões levantadas pelos pré-socráticos, embora primitivas, ainda são fontes
de pesquisa e a busca por uma explicação. Uma realidade primordial que, através
de um processo ordenado, assume as aparências que nosso mundo exibe. Qual é a
causa de todas as coisas? Qual é o elemento de que todas as coisas são feitas?
Para
Parmênides, filósofo da cidade de Eleia, tem a convicção de que “pensar e ser é o mesmo”. A coisa que
pode ser pensada e a coisa devido à qual o pensamento existe é a mesma. E,
porque o pensamento só capta o que é, não há mudança, nem movimento, nem
variedade.
Já
em Heráclito de Éfeso, considera a realidade como movimento. “Não podemos nos banhar duas vezes nas águas
do mesmo rio”, afirma o filósofo da mudança permanente.
As
investigações dos pré-socráticos estabeleceram os dois problemas fundamentais
da filosofia: como se relaciona a realidade inteligível com o mundo
experiencial, e a forma como captar o fluxo de experiência mediante conceitos
com significado intemporal.
A
realidade deve ser uniforme e qualitativamente indeterminada, mas quebraram a
esfera do ser em pequenos fragmentos, a que chamamos de átomos. E a mudança é o
movimento incessante dos átomos no espaço vazio. O mundo que conhecemos é o
resultado das configurações de átomos e nasce por sua conjunção; por sua
separação, morre.
Essa
visão atômica da natureza permanece como a base da ciência física; nasceu há
quase 2.500 anos por especulação, e com pouca assistência da observação e da
experiência; foi o produto de gerações de filósofos a elaborarem esquemas
conceptuais para compreenderem a realidade.
É
com Anaxágoras que se confere um papel predominante da razão (nous): “O nous tem o poder sobre todas as coisas
com vida, maiores e menores. (...) O nous ordena todas as coisas que serão e
todas as coisas que foram e as que vão”.
Os
diálogos orais de Sócrates trouxeram as definições de conceitos; os diálogos
escritos de Platão introduziram a teoria das ideias; e Aristóteles sistematizou
esses princípios. A filosofia ficou consolidada, e assim o Homem começa a
fundamentar suas especulações.
Fonte:
HENRIQUES,
Mendes / Nazaré Barros. Olá, Consciência
! Uma viagem pela filosofia – É Realizações Editora – São Paulo – SP, 2013.
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