Hoje assistimos ao impacto da Terceira Onda de maré da
história, a Primeira Onda foi lançada pela revolução agrícola em torno de 10.000
AC, onde a humanidade passar a ser
sedentária e valorizar a propriedade da terra, a Segunda Onda foi lançada pela
revolução industrial século XVII DC, onde o meio de produção e o capital passam
a ser valorizados pela humanidade.
A Terceira Onda está criando uma nova civilização em
nosso meio, com seus próprios empregos, estilos de vida, ética de trabalho,
atitudes sexuais, conceitos de vida, suas próprias estruturas econômicas e
convicções políticas. Podemos efetuar uma transição pacífica para uma
sociedade, mais ajuizada, mais sábia e mais democrática. O que dependerá da
sábia utilização de nosso livre arbítrio, dos valores éticos existentes na sociedade.
Um dos pontos analisados é a família:
Na
Primeira Onda o marido procurava uma esposa, e perguntava: “A minha futura mulher é trabalhadeira? Uma boa curandeira? Boa mestra
para as crianças que virão? Poderemos trabalhar juntos compativelmente?
Carregará uma boa carga ou provará que sabe esquivar-se a isso?” As
famílias camponesas realmente perguntavam: “Ela é forte, boa em se curvar e se
erguer, ou é doentia e fraca ?
Quando as funções da família foram reunidas durante a era
da Segunda Onda. A família não era mais uma combinação de equipe de produção,
escola, hospital de campo e casa de saúde, tudo se resolvia na Casa Grande. Em
vez disso, suas funções psicológicas tonaram-se mais importantes. O casamento
subentendia-se, devia fornecer companheirismo, sexo, calor e apoio. Em breve,
esta mudança nas funções da família se refletia nos novos critérios para
escolher uma companheira ou companheiro. Tudo era resumido na palavra única, amor.
Era o amor, assegurava a cultura popular, que fazia o mundo girar.
Este tipo de família tonou-se padrão, modelo socialmente
aprovado, por que sua estrutura se adaptava perfeitamente às necessidades de
uma sociedade de produção em massa, com valores e estilos de vida amplamente
partilhados, poder hierárquico e burocrático e uma clara separação da vida
doméstica, e da vida no mercado de trabalho.
O modelo, um marido que ganha o pão, uma mulher
dona-de-casa e um certo número de filhos. Foi esta forma particular de família
— a família nuclear - - que a civilização da Segunda Onda idealizou, tonou
dominante e espalhou ao redor do mundo.
A crise atual da família veio a ser vista sobre uma luz mais
sensata, não como o resultado de preguiça individual ou fracasso moral, mas
como forças gigantescas fora de controle do indivíduo. A má distribuição da
riqueza, o investimento míope, a especulação descontrolada, normas comerciais
estúpidas, governo inepto estas coisas, não a fraqueza pessoal que causa a
crise. Os sentimentos de culpa eram, na maioria dos casos, ingenuamente
inadequados.
Com efeito, a ruptura familiar atual é, de fato, parte da
crise geral do industrialismo, ou seja a ruína de todas as instituições criadas
pela Segunda Onda. É parte do desbravamento para uma nova sociosfera da
Terceira Onda. E é este processo traumático, refletido em nossas vidas
pessoais, que está alterando o sistema familiar até a um ponto de
irreconhecimento.
O que estamos presenciando não é a morte da família como
tal, mas a ruptura do sistema familiar da Segunda Onda. Estamos saindo da idade
da família nuclear e entrando numa nova sociedade marcada por diversidade na
vida familiar
O aspecto mais característico do casamento no futuro será
precisamente a série de opções disponíveis para as diferentes pessoas que
desejam coisas diferentes de suas relações uns com os outros.
O sistema familiar está se tornando desmassificado,
juntamente com o sistema de produção e o sistema de informação na sociedade.
Não haverá uma única forma de família, o sistema emergente irá liberar cada um
de nós para encontrar o seu próprio nicho, para escolher ou criar um estilo de
família ou trajetória harmonizada com as necessidades individualizadas.
A pergunta que devemos fazer é: Que sociedade emergirá
com a consolidação da Terceira Onda ? As instituições conservadoras serão
capazes de manter o padrão familiar da Segunda Onda ?
Referência:
TOFFLER, Alvin. A Terceira Onda. Tradução de João Távora,
9ª edição, Editora Record, Rio de Janeiro, RJ, 1980.
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