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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Mercados à beira do pânico com queda livre da Bolsa da China !

 
“Uma queda brusca e aparentemente sistêmica da Bolsa de Valores da China levou o Banco Central do país a intervir, suspendendo a negociações das ações de 1476 companhias, depois de chegar a operar em baixa de 8% e fechar em queda de 5.9%.
Para se ter uma idéia, as ações que tiveram negociação suspensa devido às quedas de valores formam, no total, um valor de US$ 2.6 trilhões (cerca de R$8.3 trilhões), o equivalente a 25% do PIB chinês ou pouco mais do que o PIB brasileiro num ano. Por conta do tamanho gigantesco de sua economia, uma queda violenta da bolsa chinesa espalha o terror ao redor do mundo pelo potencial de poder criar uma crise global. O país é o maior consumidor mundial de matérias-primas e produtos primários e uma crise severa em sua economia pode despencar mercados de inúmeros produtos e 'commodities' como minério de ferro e petróleo, por exemplo.
A queda da Bolsa depois de um pico em junho já fez com que as ações das empresas listadas em Xangai perdessem cerca de US$3 trilhões (R$9.5 trilhões). Para conter o pânico, além de uma injeção de cerca do equivalente a R$155 bilhões, também tomou medidas para que os maiores investidores chineses (as grandes redes de varejo) tirem seu capital da Bolsa.
Segundo o Financial Times, gigantes financeiros como o HSBC e a Goldman Sachs fizeram ligeiros rebaixamentos da avaliação dos títulos da China, mas a incerteza para os próximos dias permanece em alta.
As bolsas asiáticas fecharam em forte queda nesta quarta-feira, em meio a um temor generalizado dos investidores com o risco de uma bolha nos mercados, alimentado pela quebra de confiança na eficiência das medidas adotadas pelo governo chinês para estimular a economia do país.
Desde novembro do ano passado, a China tem adotado algumas medidas para reduzir os custos de financiamento e acelerar a economia. A taxa referencial de juros, por exemplo, foi reduzida quatro vezes, para 4,85%. Tais medidas levaram a Bolsa de Xangai a uma alta de mais de 100% entre novembro e junho. No entanto, como a economia real não reagiu com o mesmo entusiasmo, tornou-se crescente o temor de que o mercado acionário chinês esteja próximo de uma bolha.
Além disso, há preocupações de que as medidas cada vez mais "desesperadas" das autoridades para acalmar os investidores estão, na verdade, contribuindo para aumentar os riscos ao sistema financeiro do país.
"Inicialmente, a maior parte dos riscos dos mercados estava com as famílias, mas, com as tentativas de resgate da China, instituições sistematicamente importantes estão assumindo mais riscos", afirmam os economistas do banco Société Générale.
No fim de semana, o governo suspendeu o lançamento de algumas ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) e tornou mais fácil para os operadores pedir dinheiro emprestado para comprar ações. Em vez de um aumento nas compras, os investidores estão evitando investir no mercado de ações, que contém mais riscos, e migrando seus recursos para o mercado de títulos, considerado mais seguro. Como consequência disso, o juro do bônus de 10 anos do governo chinês caiu para 3,4% no pregão de hoje, de 3,6% no começo do mês.
No fechamento, o índice Xangai Composto caiu 5,9%, a 3.507,19, com queda acumulada de 32% desde meados de junho. Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve recuo de 5,89%, a 23.516,56 pontos. Em Taiwan, o Taiex teve baixa de 2,96%, a 8.976,11 pontos. Na Coreia do Sul, a queda foi de 1,18%, a 2.016,21 pontos.
Na Oceania, a Bolsa de Sydney caiu 2,0% e levou o índice S&P/ASX 200 a 5.469,50 pontos, pressionado principalmente pela queda do preço do minério de ferro, de 4,4% no fechamento de ontem, para US$ 49,7 por tonelada, e com preocupações relacionadas ao impasse entre Grécia e credores internacionais. Em meio a isso, as mineradoras Rio Tinto e BHP Billiton tiveram baixas de 3,25% e 3,12%, respectivamente. Com informações da Dow Jones Newswires.”
Por: André Ítalo Rocha e Redação Yahoo Notícias | Estadão Conteúdo

O que estamos presenciando é mais uma contradição do capitalismo revestido do neoliberalismo vigente, que já não consegue obter retorno financeiro esperado sob o giro operacional das empresas, ou seja, as empresas são incapazes de gerar lucros operacionais que justifique o valor das ações ao nível que são negociadas nas bolsas de valores, e ainda mais, a distribuição de dividendos suficientes para justificar o investimento nas empresas.
Criação e geração de riqueza se faz na operação, com trabalho, produção, venda, e distribuição de riquezas sob a forma de dividendos e salários justos, capazes de constituir e consolidar a formação de uma classe média com poder de compra dos bens de consumo duráveis e não duráveis. Fora deste processo, o que existe é virtual e especulativo, movimento ampliado e disseminado pelo neoliberalismo. E para obter os retornos financeiros esperados pelos investidores, ocorreu ao longo das últimas décadas, uma busca incessante pela redução de custo, via a redução de salários do trabalhador, para tornar as empresas mais competitivas. Processo nocivo, que causou o desiquilíbrio econômico de muitos países, que apresentaram incapacidade de competir, pois existe uma brutal desindustrialização, empobrecimento, perda de empregos, renda e incapacidade de prosperar no comércio interno e externo.
Estamos diante de um impasse, até onde a sociedade vai caminhar nesta direção?
Não existe riqueza sustentável sem distribuição de renda e oportunidades para todos. A concentração excessiva de capital na mão de poucos não permite a edificação de uma sociedade justa, mas sim uma ditadura do capital sobre os ombros de uma maioria desfavorecida. Este talvez seja o paradigma a ser modificado pelas gerações futuras, o neoliberalismo do capitalismo vigente está demonstrando esgotamento e é incapaz de apresentar soluções sustentáveis de longo prazo.
A queda livre da Bolsa da China é um sinal, que demonstra o esgotamento do neoliberalismo vigente. E como a China tem um Estado forte, irá intervir até obter uma alternativa para a crise, que atenda em primeiro lugar seus próprios interesses, limitando a ação do livre mercado financeiro.
Talvez seja um momento de se colocar os pés no chão e passar a pisar em terreno firme, os investidores financistas terão que aprender a viver do lucro operacional das empresas, valorizar os trabalhadores e desenvolverem políticas salariais, capazes de criar e suportar a existência de uma classe média com poder de compra para sustentar as vendas e o lucro das empresas. Como não há cafezinho grátis, também não há consumo sem renda, para um modelo econômico ser sustentável é necessário que exista uma massa salarial capaz de movimentar a economia.
As políticas de austeridade implementadas pelos países, que têm desiquilíbrios fiscais, não apresentam qualquer alternativa sustentável para o emprego do trabalhador. Significa para o cidadão comum, desemprego, inflação, juros altos, diminuição da renda, queda do consumo e desaquecimento da economia, o caos... Quem paga a conta da especulação financeira é o trabalhador comum.
Para termos um planeta sustentável, a economia terá que ser sustentável, e necessitará da mão forte do Estado, capaz de fazer a intervenção necessária para a correção do desiquilíbrio, o livre mercado financeiro não é sustentável em longo prazo, e não é capaz de apresentar soluções sustentáveis para o trabalhador comum, para a sociedade.

“A liberdade responsável é a
liberdade sustentável.”
(Keller Reis Figueiredo)
 
 
 

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