Segundo Nilton Bonder,
“tradição é a palavra que veio representar a tarefa do próprio instinto
assumida pela consciência humana. O animal moral tem na tradição um instrumento
fundamental para a preservação. Já a traição é da ordem da transcendência e
transgredir é transcender. Nossa história não teria mártires no campo político,
científico, religioso, cultural e artístico caso fosse possível transcender sem
colocar em risco a sobrevivência da espécie.”
Segundo Nilton Bonder,
“o traidor é um transgressor. É preciso errar, infringir, violar e transgredir
o status quo para que possa haver uma transcendência desejada pela própria
tradição traída. Da mesma forma que a tradição precisa da traição, que a
preservação precisa da evolução, que o acerto de hoje dependeu do erro de
ontem, o contrário também é verdadeiro. Porque a evolução só é possível quando
existe uma manifestação para ser contestada, aviltada.”
Para que a humanidade
caminhe de forma segura, ela depende da tradição, mas utiliza-se da traição
para ir além, evoluir, se libertar.
Segundo Nilton Bonder, “O animal de
todos nós tem compromisso absoluto com a preservação, seja ela obtida através de
ato de preservar ou de mudar.”
A final de contas, o
que está em jogo é a preservação da espécie humana, e o ser humano fará de
tudo, com todas as suas forças, ações voltadas para a sua preservação, seguirá
a tradição até o limite da necessidade de ter que transgredi-la. Assim tanto a
tradição como a traição são importantes para a espécie humana. O
tradicionalista depende do transgressor, seja para afirmar suas convicções, ou
seja, para evoluir.
Segundo Nilton Bonder, “Não haverá
tradição sem traição, nem traição sem tradição, como não pode haver integridade
do animal sem evolução, nem evolução sem integridade do animal.”
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