Ao ler um artigo na Revista Veja: “Enquanto
isso, no Brasil...”, do dia 02 de abril de 2014, escrito pelo economista
Gustavo Loschpe me surpreendi pela falta de conhecimento da estrutura familiar
e educacional do jovem cidadão brasileiro. Segundo ele, “nossas escolas, que deveriam incutir o apreço pela conduta reta,
viraram instâncias preparatórias para o mar de sem-vergonhice que assola nosso
país.”
E
para exemplificar, segundo ele, “a manifestação
mais clara dessa desagregação moral e cívica é a cola, o hábito de falsear
quando se aprendeu.”
Será que Gustavo
Loschpe se esqueceu que antes do indivíduo ir para escola, ele tem pai, mãe e
família, de onde aprende uma ética, moral e valores básicos que vão torná-lo um
cidadão do futuro?
Estamos
rumando para uma sociedade sem família, pai e mãe ausentes durante o período de
crescimento e formação dos filhos, o que faz das escolas do presente um
depósito de crianças e jovens, onde além do conteúdo programático das
disciplinas de cada ano escolar, o professor tem que assumir o papel de pai e
mãe para ensinar a criança e o jovem a serem pessoas de bem.
O
jeitinho para tudo, o levar vantagem em tudo são hábitos, costumes e valores
que vem de berço, da família, cabe à escola sinalizar o caminho, a escolha
pertence ao indivíduo, o que falta é um maior acompanhamento da família na
formação e desenvolvimento de seus filhos, saber o que se passa, saber
intervir, mostrar e fazer valer a autoridade dos pais.
O
que ocorre nas instituições de ensino brasileiras é apenas reflexo do que
ocorre na intimidade do núcleo familiar. Que eu saiba dentro das escolas, a
cola não é socialmente aceita, mas repudiada e inviabiliza o resultado em
provas escolares. Sendo assim, os professores não são coniventes; mas sim, a
família, os pais que não conhecem a fundo os filhos que têm.
Pelo
menos na minha vida de aluno e no meu período de formação escolar, eu não vi
professores serem lenientes, e acredito que na sua maioria os profissionais da
educação neste país, fazem o melhor possível e que a maior luta e desafio dos
professores deste país é:
“Formar
cidadãos críticos e conscientes, ensinar valores, e não tolerarem uma pequena
corrupção (a cola) em troca de uma suposta harmonia no convívio.”
O
pau que nasce torto nunca se endireita é o pau que já vem torto do núcleo
familiar, mal forjado, formado, educado pelos pais, a escola simplesmente
administra o problema e tenta na medida do permitido legalmente, corrigir uma
distorção de berço.
A
escola não é injusta, antiética e incubadora da sociedade injusta e antiética, o
que ocorre é a complementação, quando não substituição da educação que vem de
berço, da família. O que está doente não é a escola, mas as famílias, que estão
desestruturadas, sobrecarregadas e desarticuladas pelo momento contemporâneo que
passam.
Sem
falar na falta de estrutura de trabalho do professor: jornada dupla de
trabalho, salários ínfimos para quem tem um curso superior e muitas vezes
pós-graduação, salas lotadas, alunos sem interesse pelo estudo e pela cultura.
Um professor pode ajudar muito um indivíduo desde que ele também se proponha a
ser ajudado e queira aprender com o educador. Muitas vezes o papel do docente é
confundido com o papel do pai e da mãe que têm que ser os educadores informais
de seus filhos, o professor será um mediador desta educação, porém não cabe ao
corpo docente da escola ensinar tudo sozinho, isto é impossível, mesmo porquê
os educandos passam a maior parte do tempo em casa com os seus pais. Pode-se
dizer que o que está doente é a nossa sociedade e esta doença tem atingido
todos os âmbitos sociais, principalmente a escola onde há muita concentração de
crianças, jovens e adultos. Argumentos expressos pela minha esposa,
profissional da educação em instituições pública e privada.
Ter
uma política pública para salvar a família é salvar o cidadão do futuro e
contribuir para que as escolas possam focar na sua real vocação que é educar
para o futuro, preparar o indivíduo para ser um cidadão de bem, que tenha como
a fonte de sua ética, moral e valores o núcleo familiar a que pertence.
“Fazemos nossos caminhos e
lhes chamamos destino.”
(Benjamin Disraeli)
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