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sábado, 5 de abril de 2014

Sociedade Sem Família & Escola !

 
            Ao ler um artigo na Revista Veja: “Enquanto isso, no Brasil...”, do dia 02 de abril de 2014, escrito pelo economista Gustavo Loschpe me surpreendi pela falta de conhecimento da estrutura familiar e educacional do jovem cidadão brasileiro. Segundo ele, “nossas escolas, que deveriam incutir o apreço pela conduta reta, viraram instâncias preparatórias para o mar de sem-vergonhice que assola nosso país.”
            E para exemplificar, segundo ele, “a manifestação mais clara dessa desagregação moral e cívica é a cola, o hábito de falsear quando se aprendeu.”
            Será que Gustavo Loschpe se esqueceu que antes do indivíduo ir para escola, ele tem pai, mãe e família, de onde aprende uma ética, moral e valores básicos que vão torná-lo um cidadão do futuro?
            Estamos rumando para uma sociedade sem família, pai e mãe ausentes durante o período de crescimento e formação dos filhos, o que faz das escolas do presente um depósito de crianças e jovens, onde além do conteúdo programático das disciplinas de cada ano escolar, o professor tem que assumir o papel de pai e mãe para ensinar a criança e o jovem a serem pessoas de bem.
            O jeitinho para tudo, o levar vantagem em tudo são hábitos, costumes e valores que vem de berço, da família, cabe à escola sinalizar o caminho, a escolha pertence ao indivíduo, o que falta é um maior acompanhamento da família na formação e desenvolvimento de seus filhos, saber o que se passa, saber intervir, mostrar e fazer valer a autoridade dos pais.
            O que ocorre nas instituições de ensino brasileiras é apenas reflexo do que ocorre na intimidade do núcleo familiar. Que eu saiba dentro das escolas, a cola não é socialmente aceita, mas repudiada e inviabiliza o resultado em provas escolares. Sendo assim, os professores não são coniventes; mas sim, a família, os pais que não conhecem a fundo os filhos que têm.
            Pelo menos na minha vida de aluno e no meu período de formação escolar, eu não vi professores serem lenientes, e acredito que na sua maioria os profissionais da educação neste país, fazem o melhor possível e que a maior luta e desafio dos professores deste país é:
            “Formar cidadãos críticos e conscientes, ensinar valores, e não tolerarem uma pequena corrupção (a cola) em troca de uma suposta harmonia no convívio.”
            O pau que nasce torto nunca se endireita é o pau que já vem torto do núcleo familiar, mal forjado, formado, educado pelos pais, a escola simplesmente administra o problema e tenta na medida do permitido legalmente, corrigir uma distorção de berço.
            A escola não é injusta, antiética e incubadora da sociedade injusta e antiética, o que ocorre é a complementação, quando não substituição da educação que vem de berço, da família. O que está doente não é a escola, mas as famílias, que estão desestruturadas, sobrecarregadas e desarticuladas pelo momento contemporâneo que passam.
            Sem falar na falta de estrutura de trabalho do professor: jornada dupla de trabalho, salários ínfimos para quem tem um curso superior e muitas vezes pós-graduação, salas lotadas, alunos sem interesse pelo estudo e pela cultura. Um professor pode ajudar muito um indivíduo desde que ele também se proponha a ser ajudado e queira aprender com o educador. Muitas vezes o papel do docente é confundido com o papel do pai e da mãe que têm que ser os educadores informais de seus filhos, o professor será um mediador desta educação, porém não cabe ao corpo docente da escola ensinar tudo sozinho, isto é impossível, mesmo porquê os educandos passam a maior parte do tempo em casa com os seus pais. Pode-se dizer que o que está doente é a nossa sociedade e esta doença tem atingido todos os âmbitos sociais, principalmente a escola onde há muita concentração de crianças, jovens e adultos. Argumentos expressos pela minha esposa, profissional da educação em instituições pública e privada.
            Ter uma política pública para salvar a família é salvar o cidadão do futuro e contribuir para que as escolas possam focar na sua real vocação que é educar para o futuro, preparar o indivíduo para ser um cidadão de bem, que tenha como a fonte de sua ética, moral e valores o núcleo familiar a que pertence.
“Fazemos nossos caminhos e
lhes chamamos destino.”
(Benjamin Disraeli)
 
 

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