“Enquanto o liberalismo
atai-nos para a direita, o socialismo, para a esquerda. Talvez, o valor “navegacional”
do distributismo é não é não nos apontar nem para a direita, nem para esquerda,
direciona-nos simplesmente para frente.
Hoje, na presença de um “livre mercado”, o qual se comporta,
às vezes, mais metodológica do que logicamente, e de projetos socialistas que
alternam entre sonhos inebriantes e pesadelos infernais, não é pouca coisa
aprender a encarar a realidade econômica na direção certa. Portanto quem realmente
olha para frente verá que a economia e seu horizonte moral são inseparáveis”.
(Scott Randall Paine – Professor de Filosofia da Universidade de Brasília - UnB)
O conceito do Distributismo parece ser uma síntese entre o
Capitalismo (tese) e Socialismo (antítese). A “Economia Verde” para ser sustentável
a longo prazo para o Brasil e até para o mundo, cobra que a elite política,
econômica e financeira tenha um olhar para frente, para além dos modelos
econômicos capitalista e socialista. Existe um novo paradigma econômico surgindo
no horizonte do século XXI.
“Esta abordagem econômica procura tornar prática a
Doutrina Social da Igreja, a qual se extrai das encíclicas papais a partir de
Leão XIII, muito especialmente da encíclica Rerum Novarum, de 1891.
A ideia-chave era a necessidade de uma melhor distribuição
da propriedade privada dentro de uma visão teológica da inseparabilidade da
ordem econômica da ordem moral. Também frisada era a importância de três
valores inseparáveis – como princípio fundamental para toda reflexão sobre a
ordem social, política e econômica: a dignidade intrínseca da pessoa humana;
depois, a subsidiariedade na atribuição da autoridade, priorizando sempre
competências subordinadas quando viável; no que diz respeito à dignidade de todas
as pessoas, uma forte promoção da solidariedade humana. Mais corretamente,
também faziam parte do programa de identificação e a proteção das três intuições
naturais, quase como encarnações desses valores: a propriedade privada, a
família e o Estado.
Segundo Chesterton e Belloc, na ordem econômica, esses
valores e instituições requerem não apenas a melhor distribuição de bens (o
que, também, o socialismo busca de uma forma radical), nem a simples liberdade
de todos os agentes econômicos (o ideal capitalista), mas também a maior
distribuição possível de meios de produção. Isso é visto como a melhor garantia
para que a pessoa humana possa ter uma propriedade privada que seja produtiva e
fecunda.
A melhor distribuição desses meios exige, de um lado, um
Estado que os crie e proteja (uma demanda da subsidiariedade), e, de outro,
leis que assegurem que os bens alheios sejam igualmente respeitados (uma demanda
da solidariedade). O ideal de distribuição equitativa do socialismo e o aspecto
de liberdade sem amarras do capitalismo/liberalismo devem sujeitar-se a esses
valores. Assim, há melhor garantia para que a pessoa (família) humana possa ter
uma propriedade privada que seja produtiva e moralmente fecunda.
Para um distributista, a promoção desses valores e
instituições envolve a priorização do pequeno (“small is beautiful”), da
cultura local e do mundo doméstico. Caberia reduzir as chances de que os
pequenos (as pessoas individuais, as famílias, as miniempresas, os modestos
investimentos etc.) fossem dominados por grandes empreendimentos ou eles mesmos
se agigantassem dominando outros negócios familiares. Portanto o distributismo
cogita um Estado não apenas antitruste, mas também antigrandeza, apesar de os
proponentes dessa abordagem econômica reconhecerem as dificuldades práticas de
implementá-la”. (Scott Randall Paine – Professor de
Filosofia da Universidade de Brasília - UnB)
O Distributismo é muito mais que uma nova ideologia econômica,
mais um novo modelo econômico com as possibilidades de superar as contradições
do capitalismo/liberalismo e socialismo. Uma economia forte e sustentável a
curto, médio e longo prazos se faz uma melhor distribuição da riqueza gerada
pelo trabalho de todos. Está na hora do Brasil fazer algo diferente e ser um
protagonista na edificação de uma sociedade mais próspera e justa para todos. Não
há ambiente de negócios sustentável, para os empreendimentos econômicos, sem um
mercado consumidor forte com renda suficiente para consumir produtos e
serviços. A edificação de uma sociedade forte com capacidade de consumo é a
missão do atual governo brasileiros e uma também para os futuros governos, como
uma ação de patriotismo e amor ao povo brasileiro.
Fonte:
Distributismo: economia para além do capitalismo e do
socialismo/ Alessandro Garcia da Silva, Rhuan Reis do Nascimento (orgs). – 1.ed.
– Curitiba: Appris, 2020. 213p.;23cm. (Ciências sociais).
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