O
ambiente contemporâneo é confuso e alterável, temos dificuldade em discriminar,
classificar e ordenar, detectar regularidades e fazer distinções entre o que é
importante e o que não é, saber quando estamos sendo manipulados. O homem busca
conhecimento por uma questão de sobrevivência. “Conhecimento é poder, mas poder não é, necessariamente, conhecimento.”
(HENRIQUES, Mendo e BARROS, Nazaré)
Um
exemplo se faz na política dos Estados democráticos que constroem suas imagens
através de agências de comunicação. A massa da população não tem capacidade de
interpretar e intervir na vida pública, pois está modelada por uma visão de
mundo construída pelo marketing político.
Os fatos são
construções e interpretações, e quem os narra é um formador de opinião que é
sempre portador de uma determinada visão de mundo, mas cujos valores, desejos e
expectativas são, por um lado, raramente revelados ou, por outro, escolhidos
entre os modelos do pensamento único, do politicamente correto. Os políticos
querem ocupar um lugar favorável nos barômetros da popularidade. (HENRIQUES,
Mendo e BARROS, Nazaré, 2013, p. 50 e 51)
O
século XXI é o século da informação, e pode ser o século da formação. Esse é o
papel dos meios de comunicação, e fundamentalmente do jornalismo, mais do que
bem informar, deve em longo prazo formar o cidadão. Na política, a massa deve
aprender a votar e eleger o seu representante, perceber quem é quem, identificar
as falácias nos discursos e construir uma opinião que possa formar uma visão de
mundo factível e permeável à transformação. O desenvolvimento sustentável
ocorrerá a partir de uma ação concreta e real, que se materializará em um ponto
no futuro da história. Se questionarmos o cenário atual, veremos que:
Se nos
perscrutarmos, descobriremos muitas irracionalidades, muita falta de realismo e
muita propensão e fantasias. Descobriremos que estamos aprisionados por imensos
preconceitos, imensas superstições e crenças. A psicologia e a sociologia
ajudam-nos a identificá-los, mas só a filosofia permite que nos interroguemos
sobre até que ponto andamos iludidos. (HENRIQUES, Mendo e BARROS, Nazaré, 2013,
p. 51)
O
papel do jornalismo no século XXI se fundamenta como um veículo para o
conhecimento, deve atender aos que não tem conhecimento e espera que a
realidade os ofereça. Deve possibilitar que o comportamento não seja
condicionado, exista sem automatismo e que as respostas sejam questionadas. Por
isso, o jornalismo mais do que informar, deve formar. O jornalismo do século
XXI será menos instrumental e mais filosófico, aberto a críticas e reflexões,
trará o conteúdo revestido de princípios orientadores para a formação de um
juízo por parte de seu receptor da informação. Esta é a função de um jornalismo
transformador, criador e libertador.
Se quisermos
fugir de ilusões e resistir às distorções da realidade, precisamos ter
princípios para orientar nossos juízos. A desorientação resulta sempre da falta
de questionamento ou da ignorância das provas. Precisamos filtrar a informação
e ter critérios quanto ao tipo de evidências necessárias para suportar nossas
afirmações. Esses critérios, em última análise, derivam de uma concepção do que
podemos conhecer e de como conhecemos. Por isso mesmo se torna necessária à
reflexão filosófica sobre esse tema. (HENRIQUES, Mendo e BARROS, Nazaré, 2013,
p. 51)
O
jornalismo tem que fazer o seu leitor, telespectador, receptor não acomodar nem
aceitar passivamente a informação, deve persistir, insistir e não desistir,
levantar todas as hipóteses e todas as suspeitas, pois não há respostas
evidentes; tudo tem de ser fundamentado, argumentado, logicamente construído.
Ter um espírito filosófico que combate a precipitação, o imediato, as
evidências do senso comum. Nada é o que parece, e a realidade raramente é
transparente e linear. Tem que ser intérprete da informação. A consistência e a
coerência de uma opinião brotam do pensamento sistemático. O jornalismo tem que
despertar o desejo de conhecer.
Fonte:
Mendo
Henriques e Nazaré Barros. Olá, consciência uma viagem pela filosofia. É
Realizações Editora, Livraria e Distribuidora Ltda, São Paulo – SP, 2013.
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