O
Homem é um ser capaz de lidar filosoficamente com a sua própria emoção? O final
da modernidade e o início da contemporaneidade foram capazes de tornar a razão
mais inteligente emocionalmente? Por onde passa o equilíbrio das decisões
sábias? Faz-se necessária mais filosofia para a orientação da vida humana?
“Qualquer um pode zangar-se – isso é fácil. Mas
zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo
e da maneira certa – não é fácil”. (ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco)
Por
quantas vezes somos surpreendidos pelo domínio da emoção em detrimento da
razão? Adotamos atitudes coléricas sanguíneas em momentos de tensão emocional,
incapazes de apaziguar e acalmar, mas gerar violência sem medida, sendo um dos
fatores que justificam os mais de 60.000 assassinatos anuais e todos os tipos
de violências sem mortes, presentes no Brasil.
Qual
pode ser o real motivo que torna a sociedade brasileira tão violenta? Capaz de
cometer tal crime pelos diversos motivos, sem temer as consequências dos
próprios atos. Não seria a falta de uma Inteligência Emocional para lidar com
as contradições e conflitos existentes na vida?
Neste
contexto social, a Emoção Filosófica tem uma importância fundamental, não é
capaz de dar resposta única, mas é capaz de abrir um diálogo, levantar questões
e apontar caminhos, fazer o sujeito carente de respostas, buscar o seu próprio
caminho.
Mas
como saber se guiar para e pelo próprio caminho? Ter a habilidade da reflexão,
do discernimento, da ação edificante? Mesmo que seja contrária aos próprios
interesses?
A
formação do ser humano é a resposta, que começa na infância em casa, passa pela
escola até a fase adulta e mais importante, continua por toda sua vida. De
forma continuada o Homem está em formação, ele é um Ser-aí, nasce, é jogado no
mundo com a missão de viver, de se autodeterminar, tornar a sua existência algo
útil para sociedade.
Assim, façamos a
seguinte reflexão, em um país como o Brasil, com uma população de mais de 200
milhões de habitantes, onde cada pessoa tem o potencial de ser útil para a
sociedade, como seria o Brasil, se esse potencial se materializar?
Essa é a pergunta que
devemos tentar responder, que tem como base a educação e permeia toda a vida.
Pois, com a enorme violência presente na sociedade brasileira, vivemos o risco
de desintegração da civilidade e da segurança, fruto de um desfreio de emoções
em nossas próprias vidas e nas das pessoas que nos cercam.
Há na sociedade
brasileira uma inépcia emocional, uma banalização da vida, a violência
noticiada pelas TV’s e meios de comunicação já não nos afeta, tornamos
irracionais para com a vida, como se houvesse uma calamidade da vida emocional
partilhada pelos indivíduos.
O cidadão brasileiro
deve ser educado para ser dono de si, ter autocontrole, zelo, persistência e a
capacidade de automotivação, enfrentar as crises sucessivas e querer viver bem.
É a forma de evitar o esgarçamento do tecido social, onde há o egoísmo, a
violência e a mesquinhez de espírito que podem banir a bondade das relações
humanas.
As posturas éticas
fundamentais na vida passam pela emoção. O que está à mercê dos impulsos, o que
não tem autocontrole, sofre de uma deficiência moral. A capacidade de controlar
os impulsos, a base da força de vontade e do caráter, que produz o autocontrole
e a piedade.
Uma Emoção Filosófica
pode trazer luz às dúvidas, pode criar uma realidade mais humana, uma
racionalidade emocional. Que liberta o Homem dos impulsos emocionais e
possibilite o autocontrole. E onde está o primeiro passo? Está na educação, que
começa na família e passa pela sociedade. Faz o Homem ter uma visão de si (conhece-te
a ti mesmo) e uma visão de mundo (reflexo do próprio Homem), filosofado por Arthur
Schopenhauer. “O mundo é a minha representação”.