O ser humano está inserido na realidade
social para modificar, planejar, incentivar e buscar soluções completas e ao
mesmo tempo incompletas a sua existência em busca do saber, enquanto indivíduo
racional. Sua necessidade de desvelar a “consciência está relacionada com a sua
vivência e experiência, em que vai percebendo os fenômenos ao seu entorno,
atrelados ao “ato e a potência” da capacidade do seu cérebro.
A dualidade da “vivência e experiência”
são distintas na fenomenologia, por ter significados diferentes, mas possui uma
interdependência. Pois a vivência parte do pressuposto, em que trata a
“subjetividade humana” na “estrutura psíquica” como caráter do ato de percepção,
atrelada a consciência como tendência aos fenômenos. Porém a experiência se
fundamenta na experimentação através dos ‘sentidos’, com o qual o indivíduo
humano está relacionado com os objetos, através das próprias “tendências das
vivências psíquicas”. Como por exemplo: “O mundo está como uma forma de representações,
imagens, objetos e nós seres humanos, estamos inseridos nele. Destarte, surge a
indagação filosófica, de como podemos relacionar e desvendar o entendimento, pelo
que nos é apresentado? Logo, “eu” enquanto ser dotado de razão tenho a
capacidade de dizer que, minha consciência tende ao objeto apresentado. Pelos
simples fatos de que, a vivência está fomentando no indivíduo humano, o gosto
pelo ‘experimento’ das coisas, cuja vivência tende as coisas”. Pois:
A
vivência é a situação psicológica, as disposições dos sentimentos que a experiência
produz na subjetividade humana. São as emoções e valorações que antecedem,
acompanham ou se seguem à experiência dos objetos que se fazem presentes no
interior da psique humana. (...) É consequência e resultado da experiência na
psique humana. Ela pertence ao fenômeno total da experiência, mas este é mais
amplo e profundo do que aquele, a vivência. (BOFF, 2002, p. 43 apud SILVA,2016,
p.24)
Segundo o filósofo Aristóteles, ao qual
descreve o comentador e historiador italiano, Giovanni Realle, que: “O ato tem
absoluta “prioridade” e superioridade sobre a potência: de fato não podemos
conhecer a potência como tal, senão reportando-a ao ato do qual é potência.
Ademais o ato é condição, regra e fim da potencialidade. Enfim, o ato é
superior à potência, porque é o modo de ser das substâncias”. (Reale, 1992,
p.55). Esta relação de ato e potência, de primeira instância é que, o ato é
superior à potência, pois sendo ele causa inicial e final da potência, rege uma
feição da ordenação dos elementos naturais do universo. Por esse mesmo sentido
de “vivência e experiência”, “ato e potência”. Prosseguimos nesse artigo, como
tentativa em explicar a fundamentação do surgimento das bases e as funções dos
seres vivos inseridos na natureza, e, em seu processo da dinamização, com a
“criatividade”, que vai se tonando “fenômeno" ativo, nas relações “biopsicossociais”.
Através desses pressupostos filosóficos, é
possível explicar a criatividade na fenomenologia, e em quais patamares sociais
ela pode ser despertada. Nesse caso, ela contribui com todo rigor nas teorias socioeducativas,
referente ao “professor e aluno”, como capacidade de ato e potencialidade numa
esfera fenomenológica.
Pressupomos cientificamente que, toda a
capacidade do indivíduo humano, esteja sujeita a esta asserção filosófica e psicológica
supracitadamente. Nesta perspectiva, entendemos que o cérebro parte superior e
fundamental do corpo humano, é capaz de despertar várias dinâmicas de “ato e
potência” criativas na relação “professor e aluno”, que conduz o sujeito humano,
a luz deste fenômeno que é a “criatividade”. Pois é nessa perspectiva, que:
O ser criativo
expressa seu potencial no mundo em que vive, manifesta o que lhe torna
singular, na rede de relacionamentos que possui, o que em outras palavras quer
dizer que o ser humano manifesta sua criatividade a partir da sua singularidade
e na pluralidade do existir humano. (Sakamato, 2004, p.29).
Nos dias atuais e nas histórias passadas, toda
criação humana está relacionada às fontes das suas vontades e a potência genial
dela própria, na busca do clareamento salvífico, daquilo que subjetivamente se
encontra obscuro no intelécto. É uma necessidade da criatividade, dominar o
intelecto, parte de integração do próprio humano, para vislumbrar o belo no
“cosmo”.
Estes fenômenos da criatividade ocorrem no
gosto pela leitura de mundo e a interpretação do mundo. Sendo assim, o
movimento, exercício fundamental da capacidade do cérebro, vai se gesticulando
para o processo investigativo, começando a refletir seguintes problemáticas:
“De onde vim, como surge as coisas? Quem sou eu? Qual é o meu objetivo? Estas
perguntas são inquietudes, da própria intelecção humana, para tentar solucionar
problemas através das respostas, daquilo que o põe em posição de provocações.
As primeiras ações
criadoras do ser humano em sua existência são neste sentido: 1- a constituição
de uma noção de que somos alguém, ou a construção de uma noção de identidade
pessoal; 2- a representação mental do mundo que habitamos, ou a constituição do
mundo que nos circunda. Estas duas criações iniciais permitem ao ser humano
articular uma relação entre o eu e o mundo, que estão na base da construção e
manutenção da existência, garantindo o estabelecimento de uma adaptação ao
ambiente, que encontra e está vinculado a um sentimento de bem estar. (Sakamato,
2004, p.30).
O permear da solução da criatividade,
não se camufla as necessidades da limitação do conhecimento, mas sim, a
inconclusão do conhecimento. Este fenômeno, é, um motor científico, que desperta
no intelecto humano, e, é acionando para potencialização da sua própria existência,
se tornando exploradores da vida. Pois a condição natural da existência humana,
o leva para o encontro consigo mesmo, ao interesse próprio de quando, se chega
a uma meta alcançada. Assim, sempre haverá interesses desafiadores para tentar
justificar problemas. Ser “gênio” criativo é não inserir na “superficialidade
da normalização social”, mas deve estar fomentado, para o prazer amoroso da
crítica, tendo ‘consciência’ e praticando essa ‘consciência’ como seu “dom”
real.
Referências:
-
BOFF, Leonardo. Do iceberg à arca de Noé: o nascimento de uma ética planetária.
Rio de Janeiro: Garamond, 2002. 159 p. (Coleção Os Visionatas).
-
CAPALBO, Creusa. Historicidade e
ontologia. São Paulo: Edições Humanidades, 2004.
-
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1998.
-
REALLE,Giovanni. Aristóteles- Hitória da
filosofia Grega e romana. Tradução. Henrique Cláudio de Lima Vaz, Marcelo
Perine. 9ª edição Rio de Janeiro: Edições Loyola, de 1994.
-
SAKAMOTO, Cleusa kazue. O Gênio Criador/
Cleusa Kazue Sakamoto. – São Paulo: Casa do psicólogo.
-
HUSSERL, Edmund. La filosofía como
ciencia estricta. TABENING, Elsa (Trad.)
Buenos Aires: Editorial Almagesto, 1992.
-
CAPALBO, Creusa. Historicidade e
ontologia. São Paulo: Edições Humanidades, 2004.
O
que é criatividade - Prof. Ilíada de Castro
[1]
Graduado em Filosofia pela FAPCOM-SP, Psicologia
pela PUCMG, especializando em saúde mental e pesquisador de bioética. Email para contato:
marcos.trindade2014@gmail.com.
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