Acreditar que o mercado tem o poder de
resolver todos os males de um país é uma falácia, embora tenha a capacidade de
orientar comportamentos, onde molda a vida social. O mercado é incapaz de tudo
fazer e para todos fazer. No máximo satisfaz as necessidades de grupos
econômicos que têm os meios para manipular o mercado, haja vista a injustiça
social presente no Brasil.
É a partir dessa limitação do mercado
que o Estado tem um papel fundamental. O Estado tem que estar presente onde o
mercado se recusa atuar, frente questões econômicas, políticas, sociais e
religiosas. Existem fundamentos básicos que produzem um grau mínimo de
estabilidade social, como: Educação, saúde, segurança, emprego, habitação,
renda e meio ambiente. Dizer que: o Estado não deve interferir para não atrapalhar
o desenvolvimento do mercado é uma forma de interferência, a omissão do Estado
também é uma forma de interferência, característica de políticas públicas de
economias neoliberais.
O Estado basicamente existe para
regular e garantir o bom convívio social e o estado de bem-estar, pode ser
atuante ou omisso, mas jamais deixará de existir, por ser a materialização institucional
da sociedade. O Estado é o ente que verdadeiramente existe, responsável por orientar
comportamentos, e pôr a vida social para andar. O mercado é apenas um espectro,
que se materializa através do grau de liberdade econômica que uma sociedade
tem. Quando o Estado abre mão de sua função e responsabilidades fundamentais e as
repassa para o mercado, a sociedade passa a estar sujeita a um elevado grau de
incertezas, frente as flutuações do próprio mercado. Perde-se o horizonte de
longo prazo e a incapacidade de se criar um estado de bem-estar para todos. A
injustiça social tem a sua origem o mercado, onde livremente garante os maiores
benefícios para os grupos mais poderosos, oprimindo os grupos mais fracos, até
excluindo a sua presença no mercado. A prova existência desse fenômeno é o
elevado índice de brasileiros excluídos do mercado, parcela da população que vive
algum tipo de exclusão social, que necessita de políticas públicas do Estado para
garantir o mínimo para “subsistir”.
O
mercado não está preocupado com a vida da população de um país, pois ele existe
apenas para satisfazer as forças dos membros que o constitui, se há uma parcela
da população excluída do mercado, é da responsabilidade do Estado a promoção da
inclusão social. Quando o Estado se omite e repassa ao mercado esta
responsabilidade, a exclusão social permanece, quando não aumenta. Sem a
presença de políticas públicas do Estado, a parcela mais fraca da população
será marginalizada. Nesse sentido, o mito de que o modelo econômico neoliberal,
que defende a ideia de que as forças do mercado podem resolver todos os
problemas sociais, não é verdadeiro. O mercado não é onipotente e nem é uma panaceia.
O
atual governo do Brasil precisa urgentemente redefinir o seu papel, entender
que governa para todos os cidadãos, e não só para a parcela da população que
constitui o mercado, tem que ser capaz de ter um olhar social para os excluídos
e marginalizados pelo mercado. Só assim estará promovendo a cidadania para todos.
Fonte
para reflexão:
Angela
Alonso. Mercado paira sobre todos e não dá um pio sobre obscurantismo.
Publicado na Folha de São Paulo em 2.fev.2020 às 2h00. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/colunas/angela-alonso/2020/02/mercado-paira-sobre-todos-e-nao-da-um-pio-sobre-obscurantismo.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa%3Floggedpaywall&origin=folha
>. Acesso em: 02/02/2020.
Eduardo Moreira: “Propostas para 2020 visam diminuir custo do trabalho”
Uma realidade radical pede uma luta radical
Uma realidade radical pede uma luta radical
Nenhum comentário:
Postar um comentário