“A opressão não tem fim, mas ela
sempre vai se chocar com o desejo de liberdade[1]”. O século XXI está
marcado por uma nova forma de opressão, sutil e avançada que não se restringe
aos Estados Nacionais, mas são supranacionais e exercidas pelas grandes
corporações multinacionais.
O instrumento para exercer o controle e
formas de punição é a tecnologia, ou seja, o emprego de conhecimentos
científicos em todas as áreas, como: produção, transportes, comunicações,
serviços, educação e mais. Esta ação podemos definir como a TECNOCRACIA, fazer
da técnica um instrumento de poder por parte dos líderes econômicos, militares
e políticos, com o objetivo de defender os próprios interesses e controlar a
sociedade.
Estamos vivendo a Era da Tecnocracia
Totalitária onde a tecnologia se identifica com a vida dos humanos, e se exerce
o absolutismo doutrinário e político. É uma realidade que põe em perigo a
democracia e a liberdade das pessoas.
A liberdade está limitada pela visão de
mundo da classe dominante, qualquer algo diferente representa uma ameaça ao
status quo estabelecido. A lógica é do alcance da maior eficiência e eficácia
de forma racional, direcionada pelos meios tecnológicos, reduzindo a humanidade
do ser humano a uma máquina, previsível e direcionável.
Para que este modelo de gestão seja
possível, se faz necessário a ação de tecnocratas, gestores que fazem o uso da
tecnologia para obter soluções técnicas e racionais, sem levar em conta as
questões humanas e sociais para os desafios da vida.
O mundo que a Era da Tecnocracia
Totalitária está edificando é mais cinzento e sem vida, não há o colorido da
subjetividade humana, onde 1+1 é mais do que dois. A alegria e a vontade de
viver são abaladas pela falta de liberdade para a manifestação do Ser no tempo
e no espaço. Perde-se a noção do que é ser humano, onde não possa existir
sonhos e romantismo, a vida torna-se determinista como se houvesse uma causa
para tudo e a tecnologia seja capaz de fornecer as respostas.
As ações humanas, são causadas por
eventos anteriores, o futuro é totalmente previsível com base nas condições
presentes e passadas. É esta segurança que a classe dominante busca, para assim
poder planejar os seus empreendimentos e maximizar os lucros. A finalidade de
toda ação em uma sociedade digira pelo modelo capitalista neoliberal é a
obtenção do lucro, a qualquer preço, sem as limitações éticas e morais que o
humanismo combate em oposição a Era da Tecnocracia Totalitária.
A libertação da humanidade passa pela volta
ao humanismo integral e a defesa de uma ética e moral que coloque em primeiro
lugar o ser humano, onde os lucros dos empreendimentos econômicos devem estar a
serviço de um bem maior, e não ser um fim em si mesmo, onde torna o homem uma
máquina que se aliena de sua singularidade.
[1]
GREGÓRIO DUVIVIVER é ator, humorista, roteirista e escritor. - ORWELL, George.
1984; ilustrações por Rafael Coutinho; tradução de Antônio Xerxenesky. – Rio de
Janeiro : Antofágica, 2021.