O país que não é capaz de valorizar a sua
classe trabalhadora demonstra ser inviável a longo prazo. O caso das Americanas
e o potencial problema em outras companhias sinaliza que o problema é estrutural,
e não de gestão.
O mercado brasileiro vem demonstrando inviabilidade
operacional para as grandes companhias, umas perguntas ficam: qual a liquidez
seca das grandes companhias? O que está financiando o crescimento delas? Será
que estão realizando lucros operacionais, capazes de financiar novos projetos?
Parece que o limite de retorno sobre o
investimento no mercado brasileiro está batendo no teto, é como se por mais que
que as grandes companhias façam de melhor, é insuficiente, pois as vendas, que
formam a receitas das companhias, são insuficientes.
O problema é estrutural, pois como se pode
vender mais para um mercado que se encolhe ano a ano? Ou seja, a inflação está
corroendo a massa salarial do trabalhador ano a ano, e não existe nenhuma
política salarial que proteja a renda e faça crescer o poder de compra do
trabalhador.
A ilusória vitória da elite econômica,
será a sua derrota a longo prazo, é insustentável um crescimento econômico se
não houver também o crescimento da renda do trabalhador. O maior sinal é o
nível de endividamento das famílias, os baixos salários, uma inflação alta,
juros altos, um conjunto de eventos que forma a tempestade perfeita para tornar economicamente
inviável as grandes companhias no Brasil.
Para organizações centenárias, que tem a
sua origem em mercados maduros, elas conhecem bem esta realidade e foram
capazes de encerrar as suas operações no Brasil, por não terem um horizonte
promissor no longo prazo, exemplo: Ford, Walmart etc. Está na hora do Brasil
amadurecer se quiser ser um país viável a longo prazo. O objetivo não é jogar
contra o país, mas é ver a realidade como é, e fazer uma reflexão realista, objetiva
e pragmática. Eu sonho por um país mais próspero, mas os sinais não são bons,
pois como as Americanas podem existir mais companhias em apuros, e como será?
Será o Estado que irá salvá-las para preservar os empregos e fornecedores? Esse
é só um sinal de que um mercado livre sem a mão do Estado é uma falácia, sem
políticas públicas, estabilidade e previsibilidade, as próprias companhias se
tornam autofágicas, até não poderem existir mais.
A reflexão serve para que a elite econômica comece a perguntar que tipo de mercado consumidor quer ter no Brasil, um mercado que seja capaz de tornar sustentável os seus empreendimentos, ou um mercado que dá um retorno de curto prazo, e passa a viver um processo entrópico ao ponto de inviabilizar os grandes investimentos de longo prazo. A escolha está na mão de quem tem o capital, ou seja, os meios para mudar a trajetória econômica do Brasil, que um dia pode ser um mau negócio para todos.
POR QUE O BRASIL NÃO É UM PAÍS DE PRIMEIRO MUNDO ?
Veja os poemas...