A política econômica brasileira não
valoriza a força da renda do trabalhador brasileiro. Sem uma política salarial
que reponha a perda inflacionária e até promova o aumento da renda do
trabalhador, o Brasil passe a conviver com uma crise econômica estrutural.
A inflação real dos alimentos e o
aumento do custo de vida está muito acima dos índices oficiais do governo. É
uma situação complexa que desenha um futuro instável, de baixo consumo, queda
na produção de bens e serviços e uma menor arrecadação de impostos pelo Estado.
É a instauração de uma crise estrutural na economia, ou seja, causada pela baixa
demanda ou incapacidade de consumo.
Os exemplos mais evidentes são: a
situação de dois setores importantes, a indústria automobilística e a
construção civil do Brasil, onde o preço avista de um carro básico está acima
de R$50.000,00, o que gera uma prestação de R$1.660,72 em 36 meses com juros de
1%a.m. e uma prestação mensal de R$2.161,00 de um financiamento de uma casa
própria em 30 anos com juros de 5%a.a. pelo preço avista de R$180.000,00. Os
valores das duas prestações estão acima do valor de um salário-mínimo no
Brasil. Tal análise pode parecer uma falácia, mas os anos de maior consumo, aumento
da produção e desempenho da indústria e do setor de serviços foram os momentos
históricos em que apresentaram um maior poder de compra do salário-mínimo. O
que confirma a tese de que o aumento da renda e do poder de compra do
trabalhador, possibilita o crescimento da economia brasileira.
Caso não haja uma recomposição da renda
do trabalhador, a economia do Brasil vai implodir por dentro, ou seja, o PIB –
Produto Interno Bruto gerado será insuficiente para atender as necessidades da
população brasileira. Está na hora dos economistas reverem o princípio e o valor
da renda do trabalhador brasileiro, entender que não é a causa do baixo
desempenho da economia, mas a solução para promover o crescimento sustentável
da economia, na medida em que a produção de bens e serviços atendam a demanda da
população a um preço justo.
O Brasil pode estar às vésperas de um
longo inverno, a década de 20 nos anos 2.000 pode ser uma década perdido, como
foi a década de 80 nos anos 1.900. Hoje, a população convive com uma inflação
real que está corroendo a renda, minimizando o poder de compra do trabalhador, diminuído
o potencial de demanda e consequentemente a geração de riqueza.
As empresas privadas podem fazer as
contas, o valor em reais das vendas cresceu, mas a venda de bens e serviços em
grande parte não aumentou. O que existe é a uma inflação, que destorce o crescimento
do valor faturado e da arrecadação de impostos. O momento inflacionário é o
maior mau que pauperiza a população brasileira.
O governo atual demonstra ser incapaz de
apresentar uma política pública de enfrentamento da perda de renda e poder de
compra do salário do trabalhador brasileiro. Sem grandes e novas ideias, o país
segue engessado rumo a um futuro incerto. Sem uma solução no horizonte, a vida
do brasileiro torna-se um peso, a luta pela sobrevivência torna-se árdua e os problemas
do presente insolúveis. Esta é a dura realidade que a população brasileira tem
que assimilar e aprender conviver, pois não há um governo capaz de criar
políticas públicas que promovam a melhoria da qualidade de vida. A solução
continua sendo o aumento da renda do trabalhador brasileiro.