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domingo, 27 de janeiro de 2019

A vida de quem prova que é possível mudarmos para melhor !



        O ser humano não é escravo de sua história, ele pode mudar o seu padrão autogênico, ou seja, o reordenamento interior, a ressignificação do vivido, a organização da sua malha intelectiva. Pois, os equilíbrios estabelecidos não são permanentes, as estruturas não são fixas, os hábitos não são rígidos e a própria relação entre os tópicos que formam a estrutura do pensamento podem variar. Nós somos livres, podemos superar os choques existenciais e os nós que amarram as nossas vidas. Tudo depende de uma tomada de decisão, o homem é livre, capaz de por suas escolhas realizar um caminho próprio ou projeto existencial. O destino do homem está em suas mãos e o que torna sua vida singular é resultado do que faz. A vida é uma construção, um projeto, tudo depende da busca, que tem a ver com a direção ou sentido que quer dar à vida.

         Baixos padrões autogênicos são caracterizados por emoções como: ódio, desespero, angústia, inveja, solidão, ansiedade, exclusão e outros, que podem provocar choques na Estrutura de Pensamento. É possível superar este estado de coisas, organizando de forma harmoniosa a Estrutura de Pensamento, selecionando atitudes, refazendo objetivos, mudando pensamentos, criando novas buscas, direção e sentido para a própria vida. E assim, elevar o padrão autogênico, passar a viver outras emoções, como: amor, amizade, generosidade, compaixão, perdão, autruísmo, a beleza do mundo e outras. Um exemplo prático é do Homem mais inteligente da história, Jesus.

         “Ao examinarmos a vida de Jesus relatada nos evangelhos, notamos que ele vai se modificando gradualmente. A existência do menino obediente, do jovem carpinteiro vai se tornando diferente à medida que ele aprofunda suas experiências religiosas e toma consciência de sua condição divina. Os fatos de sua vida mudam substancialmente então e ele se eleva para padrões autogênicos altíssimos e fica muito distante das pessoas comuns. Quando Jesus foi batizado por João Batista o processo de elevação autogênica chegou a esse patamar altíssimo. Ele sai das águas do Jordão modificado. Já não viverá ocupado com os trabalhos rotineiros de carpinteiro, provavelmente vagando pelas cidades da região à procura de trabalho, mas se dedicará a difusão de uma nova forma de vida. Jesus anunciará o reino de Deus presente no coração de cada homem. Ele espera que com o anúncio da boa nova cada pessoa se transforme intimamente para viver desde já com a cabeça em outro Reino. Jesus alcançou níveis atingiu uma nova vizinhança tópica: ensinou o perdão aos inimigos, a compaixão para com os que sofrem, a mudança de atitude em cada momento da vida, desejou que seus seguidores buscassem o Reino de Deus em primeiro lugar. Em resumo, ele renova todas as coisas e faz as coisas diferentemente do que os homens geralmente fazem quando a cabeça e as emoções estão com os pés neste mundo.”

         Esta busca é o que dá sentido a vida neste mundo, embora a elevação de padrão autogênico como a experimentada por Jesus de Nazaré não é algo fácil, poucos a vislumbram e quase ninguém a alcança. A elevação espiritual não é uma conquista fácil, é uma conversão constante, um processo, um projeto de vida, onde a pessoa precisa desenvolver elementos de sua personalidade para atingir níveis elevados. A figura dos Santos Cristãos Católicos é a prova de que todos nós podemos alcançar níveis de elevado padrão autogênico, somos convidados a uma jornada existencial que nos leve a santidade. Esta talvez seja a casa do Pai, a qual todos nós temos como morada final.

         Reflexão realizada a partir de fragmentos do livro:

         CARVALHO, José Maurício de Carvalho. Diálogos em filosofia clínica – São Paulo: FiloCzar, 2013.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

O que é o Mercado? Quem é o Mercado?



O mundo capitalista é formado pelo Mercado, onde se desenvolve as relações entre as pessoas, e estas relações são validadas pela troca de valores econômicos. A sociedade capitalista vive em função do Mercado, os fundamentos que definem a forma de ser são orientados conforme os interesses do Mercado, consolidando uma ética. O que afeta as regras que vão constituir uma moral. Adotar uma ética e uma moral diferente, que não esteja em consonância com o Mercado, é ter uma visão de mundo divergente, é ser um subversivo, que não aceita a ordem estabelecida no mundo capitalista.

Mas o que é o Mercado?

O Mercado se constitui a partir de um espaço geográfico, ocupado por pessoas que realizam trocas de bens e serviços por uma unidade monetária ou por outros bens e serviços. A Lei de Mercado é a lei de uma economia capitalista liberal, o equilíbrio se baseia na lei da oferta e da demanda, os preços são definidos pela quantidade de pessoas que querem os produtos versus a quantidade de produtos ofertados no Mercado.

Quem é o Mercado?

O Mercado é formado por pessoas, um grupo de vendedores de bens e serviços, e um grupo de compradores de bens e serviços, que fazem trocas conforme os valores econômicos, para satisfazerem suas necessidades de reprodução e sobrevivência. O que todos buscam é o bem estar e qualidade de vida, o que na medida em que se torna mais especializado, mais alto é o seu valor monetário, por ser mais escasso. Para o Mercado existir, é necessário que exista uma demanda por um tipo de bem ou serviço, e que também haja quem possa ofertar esse tipo de bem ou serviço.

Uma economia de livre Mercado tem como fim, permitir que a interação entre compradores e vendedores de bens e serviços ocorra de forma livre, sem qualquer interferência de qualquer agente externo. Os Direitos Civis de cada cidadão devem ser respeitados, como: os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade privada e à igualdade perante a lei.

O Estado que adota um modelo econômico capitalista liberal é um Estado que aceita a ética e a moral do Livre Mercado, e tem como função primordial garantir os Direitos Civis de cada cidadão. Assim, devemos perguntar: Todos têm direitos fundamentais à vida? Existe uma liberdade entre todos, ou existe uma apartheid econômica velada na sociedade? Todos na sociedade têm uma propriedade privada, ou seja, uma casa para morar? Todos são iguais perante a lei?

A renda média salarial do trabalhador brasileiro é capaz de garantir os direitos básicos a sobrevivência? Como: saúde, educação e segurança. Podemos confiar no Mercado? E acreditar, que ele é capaz de solucionar os problemas da sociedade, e proporcionar um modelo de bem estar social?

As leis e as diretrizes econômicas são reguladas conforme os interesses do Mercado, mas quem é realmente o Mercado? Quem tem força para influenciar as decisões dos líderes políticos? Quem tem mais poder? E os meios para exercer o poder? Em um Mercado movido pelo capital, quem detém o capital é quem tem o poder, é quem manda, e quem não tem capital, é quem obedece. Então quem são os nossos reais líderes? São os capitalistas, detentores do capital e do poder, com meios para manipular a política do Mercado. Os trabalhadores são livres ou massa de manobra?

O Mercado, em um mundo capitalista liberal, é um projeto de poder dos capitalistas, os detentores do capital e os meios para exercer o poder, são antidemocráticos. O Estado existe para servir o Mercado e a que se serve do Mercado. A sociedade na sua maioria está aprisionada, escravizada por um modelo econômico, não há liberdade plena, mas uma liberdade relativa conforme a capacidade econômica de cada cidadão. É impossível existir um paraíso em uma sociedade capitalista liberal, todos estão sob o poder do capital e quem detém o capital, que cria o Mercado, que cria as leis, que define o ritmo da economia, que elege os líderes políticos, que define a ética, a moral e a política.

O mundo capitalista liberal não é justo, pois a relação de forças entre os cidadãos acontece de forma desigual, conforma a capacidade econômica de cada um. A questão está em que tipo de sociedade os cidadãos querem viver? Em uma sociedade fundamentada pelo cumprimento do dever, a partir de leis constituídas pelos detentores do poder, ou em uma sociedade justa e democrática, onde privilegia os desejos da maioria coletiva?

Para decifrarmos a direção das políticas públicas realizadas pelo Estado, devemos sempre questionar: O que é o Mercado? Quem é o Mercado? Quem tem poder? Quem tem os meios para exercer o poder? O Mercado está a serviço de quem?

Seja como for o Mercado, todos nós vivemos nele e existimos nele. Cabe à sociedade tomar o controle de suas ações e criar um Mercado justo e democrático, para assim poder ser mais feliz.